Querida família
Gonçalo Sá - http://gonn1000.blogspot.com e http://cine7.blogspot.com
"A Jóia da Família" ("The Family Stone"), de Thomas Bezucha, chama desde logo a atenção pelos nomes carismáticos e talentosos que integram o seu elenco - como Sarah Jessica Parker, Diane Keaton, Claire Danes ou Luke Wilson -, e o facto de se tratar de uma comédia dramática e algo negra sobre as relações familiares desperta alguma curiosidade, uma vez que o tema, apesar de já muito explorado, é sempre material para retratos com potencial. Infelizmente, após o visionamento do filme o que se constata é que este vale mesmo quase só pelos actores, uma vez que o argumento desaproveita uma premissa com algum interesse.<BR/><BR/>Sarah Jessica Parker interpreta Meredith, uma mulher cosmopolita e bem-sucedida que vai finalmente ser apresentada aos seus futuros sogros durante o jantar de Natal da família Stone, mas ao chegar a casa destes apercebe-se que as reacções à sua presença se tornam cada vez mais hostis e indelicadas, aumentando o seu já considerável nervosismo e tornando este primeiro contacto num concentrado de episódios embaraçosos.<BR/><BR/>"A Jóia da Família" aparenta, ao início, ser um filme suficientemente entusiasmante, mas aos poucos vai perdendo o fôlego por apresentar personagens que nunca chegam a convencer, situações forçadas e inverosímeis, uma mistura pouco coesa de drama e comédia e, sobretudo, cenas de um gritante moralismo, que levam a que a película se espalhe ao comprido quando tenta abordar assuntos polémicos e mediáticos como a homossexualidade (que dificilmente poderia ser tratada de uma forma mais politicamente correcta e manipuladora).<BR/><BR/>As supostas cenas de humor pisam demasiadas vezes o ridículo – embora haja alguns "gags" bem conseguidos - e enquanto drama o filme é bastante "light" e superficial, ancorando-se em personagens sem grande densidade. Como os desempenhos dos actores são globalmente seguros e o ritmo da narrativa, assim como a realização, são geridos com competência, "A Jóia da Família" não se torna numa obra desagradável, mas no final a sensação que fica é sobretudo um misto de indiferença (por não se encontrar aqui nada de novo ou memorável), incredulidade (devido às abruptas reviravoltas amorosas, que só acontecem mesmo nos filmes) e alguma simpatia (pelas cenas entre Sarah Jessica Parker e Luke Wilson, ou por Rachel McAdams voltar a evidenciar que é uma das jovens actrizes mais luminosas de Hollywood). 2,5/5 - Razoável.
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