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24 Hour Party People

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Drama, Musical, Comédia 115 min 2002 M/12 20/09/2002 GB

Título Original

24 Hour Party People

Sinopse

De 1976 a 1992, do nascimento do punk à morte do acid house, dos Sex Pistols aos Happy Mondays, passando pelos Joy Division e pelos New Order. Esta é a história de "24 Hour Party People", de como uma cidade cinzenta, Manchester, se transformou no berço de duas revoluções musicais culturais, de como um homem, Tony Wilson, através de uma editora, a Factory, e uma discoteca, a Hacienda, revolucionou a música das últimas décadas.<br/> Entre a ficção e o documentário, o realizador Michael Winterbotten conta a história da cena musical de Manchester, recorrendo a actores que interpretam personagens como Ian Curtis, dos míticos Joy Division, ou os elementos dos Happy Mondays, mas também "aqueles que sobreviveram", como o próprio Wilson, que aparece recriado numa interpretação assombrosa de Steve Coogan.<br/> Tudo ao som de uma das melhores bandas sonoras de sempre, do grito de guerra "Anarchy in the UK" (Sex Pistols) até ao belíssimo e trágico "Love will tear us apart".<p/>PUBLICO.PT

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Críticas dos leitores

A Festa Nunca Termina

Ricardo Pereira

Depois que um apresentador de TV criou no final dos anos setenta a gravadora que lançou o Joy Division, o pop britânico nunca mais foi o mesmo. "24 Hour Party People", de Michael Winterbottom, retrata não a história desse grupo, mas a saga desse jornalista que entrou para a história da música quase que por acaso. Mais especificamente em 1976, o frustrado apresentador Tony Wilson (interpretado com primor por Steve Coogan) foi uma das 42 pessoas que assistiram a uma apresentação fechada do então nada conhecido Sex Pistols. Inspirado pela irreverência do grupo punk, ele decidiu montar em Manchester o selo Factory tendo certeza de que a sua intuição não o deixaria em maus lençóis. O primeiro disco que produziu foi o álbum de estreia do Joy Division, que se tornou um sucesso estrondoso. O suicídio do vocalista Ian Curtis é um divisor de águas no filme assim como foi na vida real. O realizador Michael Winterbottom faz uma homenagem ao cantor e usa a morte dele para pular na história até meados dos anos 80, período de formação do New Order e do surgimento do Happy Mondays. Embora "24 Hour Party People" se torne um pouco lento na segunda metade, seu teor cómico-documental é suficiente para manter o público disposto a ver o começo das "raves", o nascimento do clube Hacienda – onde o culto ao DJ já era um indício do que a Inglaterra viveria na música electrónica – os abusos das bandas e os prejuízos da Factory Records até à sua falência. É um passeio por 16 anos de música pop e com uma trilha sonora impecável especialmente para os iniciados em punk-rock e pós-punk. O tom de "24 Hour Party People" jamais resvala para a nostalgia pura, no entanto. Ele confirma a natureza mutante da música jovem e a busca eterna por novos caminhos sonoros, e não está muito interessado em se tornar obra de referência para estudiosos da cultura popular. Dessa forma, ele termina como um retrato sincero e cúmplice de anos marcantes para qualquer fã de rock que se preze. O documentário de Michael Winterbottom, vencedor do Urso de Ouro em Berlim este ano com "In This World", é rico em detalhes e conta com uma boa atmosfera da época. Mistura imagens reais dos anos oitenta com cenas de ficção captadas em vídeo digital, registadas com bastante habilidade pelo fotógrafo Robby Muller, colaborador de Wim Wenders e Lars Von Trier. Na época do lançamento do filme na Inglaterra, a crítica se dividiu. O que incomodou os ingleses foi a ênfase na história de Tony Wilson – o que teria ofuscado as bandas. De facto, o espectador sai da sala de cinema sabendo até que o jornalista teve um filho entre os dois casamentos, mas quase nada sobre como o Joy Division se transformou no New Order depois da morte de Ian Curtis. A banda de Bernard Sumner, aliás, ficou relegada à condição de secundária. Não foi a única: Smiths e Stone Roses, as outras duas bandas importantes de Manchester, foram completamente ignoradas pelo roteiro. A fita ainda traz muitos dos músicos que fizeram parte do movimento, mas nunca em seus papéis originais. É o caso do próprio Tony Wilson que aparece como realizador da TV Granada, de Howard Devoto (vocalista do Buzzcocks) como faxineiro, Mani (Stone Roses, Primal Scream) como técnico de som, além de Mark E. Smith (The Fall), Paul Ryder (Happy Mondays) e outros. Quando o assunto é o nascimento da música electrónica, não se pode deixar de citar os pioneiros alemães do Kraftwerk, nem a cena electro de Detroit e menos ainda a indústria house de Chicago. Mas escolher o New Order como fio condutor de "24 Hour Party People" é perfeitamente aceitável, já que foi o grupo que popularizou as batidas repetitivas com uma convincente competência.
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