Depois do Amor

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Drama 99 min 2020 M/12 24/03/2022 GB

Título Original

After Love

Sinopse

Ahmed (Nasser Memarzia), marido de Mary (Joanna Scanlan), morreu de forma inesperada. Ao remexer nas coisas dele, pouco depois do funeral, Mary percebe que ele tinha um relacionamento de anos com Genevieve (Nathalie Richard), uma mulher francesa. Destroçada mas determinada a saber todos os detalhes, Mary deixa a cidade britânica de Dover, onde sempre viveu, e atravessa o Canal da Mancha em direcção a Calais. Assim que chega à porta de Genevieve, é confundida com a nova empregada de limpeza. Apanhada de surpresa, decide aproveitar as circunstâncias para conhecer a família clandestina do marido, que ainda não está ao corrente da sua morte.
Apresentado na Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes e no Festival de Cinema de Londres, uma história dramática realizada e escrita por Aleem Khan, que assim se estreia em longa-metragem. “Depois do Amor” teve quatro nomeações para os BAFTA, com Joanna Scanlon a arrecadar o de melhor actriz. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Afinal, havia outra

Jorge Mourinha

Uma primeira obra sólida mas modesta, na tradição realista e atenta aos actores do cinema britânico.

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Críticas dos leitores

A magia do cinema 4****

Paulo Graça Lobo

A extraordinária magia do cinema - como a leitura de um bom livro - permite-nos viver e empatizar com diversas vidas, além da nossa própria. É o que este "Para Além do Amor" nos aporta: uma história muito bem urdida, densa, profunda, quando a vida se desmorona (espantosamente retratada no desabamento da falésia) e a subsequente busca da recomposição. Assombrosa interpretação de Joanna Scanlon muito bem secundada pelos demais actores. Seria um grande desperdício perder um filme como este!

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Pontes...

Pedro Brás Marques

Um casal, vestido com trajes árabes, chega a casa. Mary prepara o chá, enquanto conversa com Ahmed, até que estranha o silêncio deste. Aproxima-se e constata que o marido tinha acabado de morrer. Após o período de exéquias muçulmanas e enquanto arrumava os pertences de Ahmed, Mary descobre na carteira dele o bilhete de identidade de uma mulher francesa, Geneviève. No telemóvel dele, encontra inúmeras mensagens amorosas trocadas entre ambos. Resolve descobrir a verdade de tudo isso, partindo de Dover, onde reside, atravessando o Canal da Mancha e desembarcando em Calais, onde vive a pretensa “amante”. Bate à porta, é recebida por Geneviève que a confunde com uma empregada de limpeza, acabando Mary por entrar não só na casa como na vida da família, descobrindo que aquela relação não só existia há mais de quinze anos, como tinha gerado algo que ele nunca conseguira: um filho. <br /><br />“Depois do Amor” é um drama intenso, uma história de opostos. Um homem e duas mulheres sensivelmente da mesma idade. Uma vive na Grã-Bretanha, é obesa, muçulmana convertida, morena, sem filhos. A outra vive na França, sem religião, é elegante, loira e tem um miúdo com quem se dá mal. Não por caso, sublinhando, até, o contraste, Ahmed era comandante de ferries, dos que servem de ligação entre os dois locais, Dover e Calais. O simbolismo é evidente: o lado inglês representa o mundo muçulmano, o francês simboliza o europeu e o Canal da Mancha a fronteira. Aleem Kahn, realizador e argumentista britânico de origem paquistanesa (tal como Ahmed), concebeu assim uma história onde procurou materializar as mundividências que separam dois universos a todos os níveis, desde o religioso ao cultural, mas lançando a pergunta: será possível construir uma ponte sobre este “Canal da Mancha”? <br /><br />O filme vive da extraordinária interpretação de Joanna Scanlan no papel de Mary. A sua personagem leva golpe atrás de golpe, começando com a morte do marido, continuando na descoberta da existência da amante e terminando na dilacerante revelação da existência dum filho do marido. A dor está espelhada na sua cara e, atenção, ela raramente chora. Há uma tensão brutal no seu rosto, de dor contida, de expressões petrificadas, talvez emergentes de quem se habituou a ser humilhada pela sua obesidade ou por ter sido enxovalhada por ter deixado a “sua” civilização/religião e adoptado uma outra. Daí a sua constante necessidade de purificação, de ter água a passar-lhe pelo corpo, quer publicamente no mar, quer nas abluções mais íntimas. <br /><br />O que sobra “depois do amor” não precisa de ser algo final, definitivo e estéril, resumido às recordações. Pode nascer algo completamente novo. Mas, para isso, é imperioso conseguir ultrapassar as dores do passado, as feridas dos conflitos, ainda por cima quando, como aqui, já não há “culpado” para descarregar as emoções. A solução, de escolher entre caminhar em frente ou deixar-se agrilhoar ao passado, depende unicamente do que está dentro de cada um. E é esse dilema com ressonâncias civilizacionais que dilacera os protagonistas desta história.
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Inesperado

Luís

Contava ir ver um drama sobre uma mulher que é confrontada com o conhecimento da traição do marido, logo depois de este falecer. No entanto o filme dá-nos o impacto da protagonista com a realidade da (dificil) vida da "outra" e do seu filho (de um pai ausente), e a possibilidade de uma catarse. Num lado menos positivo, julgo que a apresentação da vida dessa outra é feita de um modo prosaico, que contrasta um pouco com o (forçado?) clímax final.
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3 estrelas

José Miguel Costa

Mary, uma mulher inglesa que se converteu ao islamismo para se casar com um paquistanês, piloto de ferries que atravessam o Canal da Mancha, vê o amor incondicional pelo mesmo colocado em causa, ao descobrir, aquando da sua morte súbita, que ele possuia uma vida dupla.
Foi ao arrumar os pertences deste, após a cerimónia fúnebre, que se confrontou com indícios da existência de uma amante francesa não religiosa.
Perante tal evento a viúva decide viajar até França para conhecer a sua rival, mas aí chegada esta última confunde-a com uma emprega de limpeza, que havia solicitado a uma empresa de trabalho temporário. Não desfazendo no imediato este mal entendido acaba por ver-se, ao longo de uma semana, numa situação de convivência/descoberta do "outro lado do marido".

A história de bigamia narrada em "Depois do Amor", primeira longa-metragem do anglo-paquistanês Aleem Khan, tinha todos os ingredientes base para descambar num melodrama "cultural".

No entanto, o cineasta prefere seguir uma linha menos "espalhafatosa", apostando na exploração dos sentimentos (contidos) de uma mulher que, apesar da traição e do luto, tenta superar/perdoar e "recontruir-se" rumo a um futuro sem fantasmas.
E acaba por atingir o seu intento com (relativo) sucesso sobretudo (ou quase exclusivamente) pela interpretação soberba de Joanna Scanlan (que lhe valeu, inclusive, o BAFTA de melhor actriz), que com uma subtileza e um autocontrolo impressionantes mistura brilhantemente os silêncios e os parcos desabafos, bem como a incredulidade e o sofrimento, desta personagem aparentemente passiva.

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