As Mil e Uma

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Romance, Drama 120 min 2020 M/16 01/07/2021 ALE, ARG

Título Original

Las Mil y Una

Sinopse

Íris é uma adolescente a atravessar uma fase difícil. Um dia, conhece Renata, uma jovem problemática que, depois de ter sido expulsa da escola, passa o tempo a vaguear pelo bairro na companhia dos primos. Entre as duas nasce uma atração quase imediata. Mas a descoberta deste primeiro amor, num lugar marcado pela pobreza, pela delinquência e por problemas sociais de vários géneros, não será fácil. 
Co-produção entre a Argentina e a Alemanha, um drama social realizado e escrito por Clarisa Navas (“Hoy partido a las 3”). Sofía Cabrera, Ana Carolina García e Mauricio Vila dão corpo aos protagonistas. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

A malta dum bairro argentino

Luís Miguel Oliveira

Um filme que exibe uma personalidade indesmentível, com suficiente força para que se marque o nome de Clarisa Navas como o realizadora a seguir com atenção.

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Críticas dos leitores

As mil e uma

Fernando Oliveira

Las Mil é um bairro pobre e bastante degradado de Corrientes, cidade argentina perto da fronteira com o Paraguai. Foi onde a realizadora, Clarisa Navas, cresceu e que por isso conhece bem. A uma é Iris, uma jovem que habita nesse bairro, deixou a escola, quer ser basquetebolista profissional e que passa o tempo a bater a sua bola pelas ruas e becos do bairro, e que se sente atraída por Renata uma rapariga mais velha e mal vista no bairro (dela dizem que faz sexo por dinheiro e que está doente com SIDA).
O filme (o segundo da realizadora, mas o primeiro que dela conheço) balanceia entre o olhar sociológico para o lugar, tanto na forma como utiliza a arquitetura do lugar como “prisão” para os personagens, como na escolha de ir buscar amadores recrutados no bairro (incluindo Sofia Cabrera, que interpreta Iris, e que é amiga de infância da realizadora) para contracenarem com actores profissionais, dando-nos um retrato também divertido daquela gente; e a sua narrativa da descoberta de uma sexualidade “nova”, seja a de Iris com Renata, mas também as dos seus dois primos que se entregam a uma homossexualidade quase só física, os quatro postos de lado, mas também pondo de lado o “olhar” dos outros, deixando os adultos, mas também a irracionalidade machista de muitos jovens, lá em segundo plano e deixando Iris e Renata irem jogando o toca e foge próprio daquilo que é novo.
A câmara de Navas deambula pelo bairro enquanto segue Iris e, depois, fixa-se nela quando ela também pára, este confronto entre um exterior “nervoso” e um interior intimista dá-nos uma sensação mista tanto de afunilamento (Iris diz-nos que e escola não serve para nada, o seu futuro está no basquetebol, mas e se não estiver?...) como de liberdade: as pessoas daquele bairro são como em todo o lado, julgam tudo e todos pela estreiteza do seu olhar, mas entre os que escolhem a diferença pressente-se algum desconforto, é certo, mas também uma urgência de serem aquilo que querem ser. Será daí que virá força para derrubar as “paredes” da “prisão” que parece negar um futuro a Iris, mesmo que esse futuro seja sem Renata.
Um filme provocador e bastante interessante de uma realizadora que merece que a sigamos com atenção.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")

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