<p>A crítica especializada não tem sido propriamente simpática para com o filme de Safy Nebbou, “Clara e Claire”. Todavia, após o seu visionamento, posso afirmar convictamente que não partilho da opinião generalizada. Aliás, nem percebo o porquê de tamanha má vontade, uma vez que, como seria expectável, a Juliette Binoche está sublime, para além de que a narrativa (apesar de ser algo superficial e cliché no que concerne à dicotomia dependência das redes socias versus relações interpessoais) é detentora de interessantes e perturbadoras reviravoltas (que nos obrigam a constantes “reavaliações da protagonista – cuja história é contada, ao longo de várias sessões de terapia, sob a sua perspetiva, ao sabor do suspense de um thriller, a quietude de um drama romântico e uns laivos de comédia de enganos). </p><p> <br />Juliette Binoche dá corpo (e alma) a uma professora universitária de meia-idade, com complexos em relação à sua imagem (god!) e idade, consequência do facto do ex-marido tê-la trocado, após vinte anos de casamento, por uma jovem.</p><p> Sentindo-se atraída por homens de tenra idade, decide criar um perfil falso no Facebook (roubando para o efeito a identidade de uma miúda) por forma a espiar um caso fugaz que lhe deu, igualmente, com os pés. No entanto, a coisa descamba, acabando por iniciar um relacionamento virtual e apaixonar-se perdidamente pelo companheiro de casa deste (um jovem de vinte e poucos anos, pouco dado a "cenas intelectuais"). </p>