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Amor e Amizade
Título Original
Realizado por
Elenco
Sinopse
<p dir="ltr">Whit Stillman, que nos anos 1990, registou, em filmes como "Metropolitan", "Barcelona" e "Last Days of Disco", episódios da vida da jovem alta burguesia urbana nova-iorquina (e não só), está de volta para se atirar a uma adaptação de um romance epistolar pouco conhecido de Jane Austen – à qual o trabalho de Stillman muito deve –, "Lady Susan". Paralelamente, também lançou uma versão em romance do filme. Isto depois de ter regressado após uma ausência de 13 anos em 2011 com "Damsels in Distress, que não teve estreia comercial em Portugal. Passado nos anos 1790, "Amor e Amizade" – o nome vem de outro livro de Austen – centra-se na pouco virtuosa e muito interesseira e egoísta viúva Lady Susan Vernon (Kate Beckinsale), que, para fugir aos rumores que andam a ser espalhados sobre a sua vida privada, vai passar uns tempos na propriedade dos sogros. Lá, procura marido para ela e para a filha. Uma comédia que conta também com Chloë Sevigny (que, a par de Beckinsale, tinha sido uma das protagonistas de Last Days of Disco), Xavier Samuel, Stephen Fry, Emma Greenwell, Tom Bennett, James Fleet e Jemma Redgrave no elenco. PÚBLICO</p>
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
Amor e amizade
Fernando Oliveira
Whit Stillman realizou três filmes na década de 90: “Metropolitan” em 1990, “Barcelona” em 1994 e “The last days of Disco” em 1998. O fracasso comercial deste último manteve-o afastado das telas até 2011, quando realizou “Damsels in distress”. São visivelmente filmes fora de moda, retratos formalmente secos e distanciados (deixando fluir um sentir de tragédia resultado da futilidade, da inconsequência, dos seus movimentos narrativos sempre elegantes), de uma certa juventude, no fim desta ou no inicio da vida adulta, culta e rica, círculos fechados com rituais e poses rigorosos definidos; diálogos inteligentes por onde passam a descodificação dos jogos de sedução e do desejo; e a desmontagem do artifício e das regras da aparência social, quando a inocência e a ingenuidade dos sentimentos inesperados brotam naqueles grupos fechados. São, ainda assim, filmes essencialmente românticos, com uma gota de perversão pelo meio, comédias de costumes com memória cinematográfica: por lá pairam referências às comédias sofisticadas do Cinema clássico americano. E a música e a dança, sempre constantes, encenadas como já não se faz no Cinema americano actual, a “imagem” ou a “ideia” de Fred Astaire é recorrente. E todos os quatro filmes espelham na sua história uma época da vida do realizador. <br />É, assim, estranho vermos este “Amor e amizade” adaptar um romance póstumo de Jane Austen, que conta a história de Lady Susan Vernon, viúva e falida, que pretende que a filha aceite casar com um nobre rico, mas também um perfeito idiota, mas mais ainda procura um marido rico para ela, um jovem herdeiro de uma família nobre rural; intrigando com uma amiga americana tão amoral quanto ela; subvertendo com estes desejos a vida de todas as personagens da história; até porque a Lady quer continuar a apimentar a sua vida com um amante antigo. O filme conta assim o desenrolar do seu plano que não cede as quaisquer constrangimentos morais, e que ela vai alterando conforme as circunstâncias, regado com um humor que nasce de diálogos absolutamente inteligentes e exigentes. <br />Percebemos, assim, que o filme é o seguimento certo dos filmes anteriores do realizador. Porque continua a ser um olhar arguto sobre os códigos que regem os grupos sociais que vivem essencialmente das aparências. Porque subvertendo as normas do romantismo, este continua a ser um filme romântico através daquelas personagens que atravessam o filme acreditando, talvez ingenuamente, no poder do amor. Porque a Austen, Whitman, vai buscar a força das palavras; que já definia os seus outros filmes; li, não conheço o romance, que mudou a estrutura deste, transformando as muitas cartas lá descritas em diálogos entre os personagens, usando-os e os seus efeitos como o essencial da narrativa, cuja inteligência aclara um argumento cheio de subentendidos. Porque esta encenação constante da palavra salienta a representação dos personagens reforçada pelo forçado artifício cenográfico. <br />Com Kate Beckinsale (excelente) e Chloë Sevigny, que tinham protagonizado “The last days of Disco”, “Amor e amizade” é um filme muito inteligente e divertido, que traz à memória o Cinema de Lubistch. <br />(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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Sem qualquer interesse
Maria Cabral
Um início confuso em que o realizador nos apresenta uma caterva de personagens, explicando as relações que existem entre elas em fugazes imagens acompanhadas de texto, pressupondo talvez que todos conhecemos muito bem aquela novela de Jane Austen. Uma história sem qualquer interesse, nem sequer como documento da época. Uma protagonista que fala ininterruptamente durante as "imensas" horas em que a trama se arrasta. Ao meu lado, dois espectadores adormecidos ressonavam. Eu bocejava e teria saído se não fosse o insuportável calor que me aguardava cá fora. Que vontade de esganar a Lady Susan, que não se cansava de debitar um discurso didáctico-moralista numa voz de papagaio. Se as estrelas que atribuem ao filme têm a ver com a "originalidade" daquela apresentação bizarra das personagens no início (que apenas nos deixa baralhados e com a mesma ignorância com que entramos na sala aquela que ingenuamente nos leva a supor que vale a pena estar ali), se tem a ver com a teatralidade das cenas, simplesmente ridículas em termos dramáticos, então levem as estrelas para outro lado, porque são enganadoras. E, no entanto, o elenco era bom, o décor também. A capacidade de despertar qualquer sentimento no espectador nula, apenas uma imensa vontade de dormir.
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Amor e Amizade
Maria Cabral
Um filme que distrai. Um enredo médio, personagens pouco credíveis, mas ha! Há um "mas"...vale a pena ver pela forma maquiavélica como se apresenta a personagem feminina principal...é muito real.
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3 estrelas
JOSÉ MIGUEL COSTA
"Amor e Amizade" é um daqueles filmes pelo qual não damos um tostão furado aquando do visionamento de trailer promocional, mas que acaba por deixar-nos agradavelmente surpreendidos por não se revelar um objecto tão leve e aborrecido quanto julgávamos previamente. <br />Apresenta-se-nos como uma comédia de costumes num filme de época nada classicista (cuja acção decorre na Inglaterra do séc. XVII), e apesar de ser detentor de uma história desinteressante e banalíssima (em torno duma viúva desprezada pela alta sociedade que frequenta e com a qual joga como se fossem meras peças de xadrez, calculista sem escrúpulos, sedutora, sofisticada e ardilosamente inteligente, que mantém um caso com um homem casado e procura avidamente um marido abastado para si e para a sua filha, com o objectivo único de manter uma vida de luxo), acaba por tornar-se apelativo devido ao seu carácter mordaz, espirituoso e cheio de classe (pelo recurso a competentes jogos de palavras), bem como pelos seus personagens cativantes interpretados por actores à altura (a Kate Beckinsale tem aqui um dos papéis da sua vida, pelo que não ficarei surpreendido em vê-la nomeada para um óscar).
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