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O Filho de Saul

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Drama, Terror 107 min 2015 M/16 25/02/2016 HUN

Título Original

Son of Saul

Sinopse

Auschwitz (Polónia), 1944. O judeu Saul Ausländer (Géza Röhrig) é membro do Sonderkommando, o grupo de prisioneiros recrutados entre os recém-chegados, cuja função é a execução das tarefas mais críticas dos campos de concentração, evitadas pelos alemães. A sua função é limpar as câmaras de gás e enterrar os mortos.

Devido à sua condição especial – e para manter secretas as operações de extermínio – este grupo é mantido isolado dos restantes prisioneiros. Um dia, durante os trabalhos num dos crematórios, Saul descobre o corpo de um rapaz que reconhece como sendo o seu próprio filho. A partir daquele momento, a vida de Saul ganha um novo alento e ele fica obcecado com uma missão quase impossível: resgatar o corpo do rapaz e encontrar um rabino que lhe realize um funeral religioso que salve a sua jovem alma.

Realizado por László Nemes ("Anoitecer"), segundo um argumento seu em parceria com Clara Royer, este filme dramático arrecadou o Grande Prémio do Júri e o Prémio da Crítica Internacional no Festival de Cannes em 2015 e, no ano seguinte, o Globo de Ouro e o Óscar na categoria de melhor filme estrangeiro (em representação da Hungria). PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Dentro do campo

Luís Miguel Oliveira

Não deixa de ser uma obra curiosa, com um actor notável (Geza Rohrig), mas a aposta numa relação forte entre campo e fora de campo perde-se à força de tão sistemática e maquinal.

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Críticas dos leitores

Há filmes e filmes

Danilo Rabelo

Este Filho de Saul é um destes filmes que se vai ver por causa da crítica favorável, dos muitos prêmios que conquistou, enfim vai se ver pela opinião dos outros, pois o filme em si, húngaro, não tem nenhuma tradição, nomes de atores ou diretores a atrair a atenção de quem quer que seja. A filmagem é péssima e caótica, suas cenas são na sua maioria escuras e confusas. Não há diálogos e o tal Saul, quando fala são coisas desconexas, visando apenas sua ideia fixa de enterrar um corpo que nem temos certeza se é de seu filho. Enfim, é um filme perfeitamente dispensável, que precisou de um grande esforço da minha parte para ir até o final, final este que faz jus ao filme, nos deixa sem entender porque não saímos antes. <br />
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A luz na escuridão

Pedro Brás Marques

Já muito se escreveu e filmou sobre um dos mais hediondos crimes da História da Humanidade, o Holocausto. “O Filho de Saul” não é apenas mais um. Passa-se em 1944, no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau e tem como protagonista um “sonderkommando”, um judeu encarregado de dar destino aos cadáveres dos seus congéneres depois de serem gaseados. <br />Para Saul, a função de conduzir judeus para o que pensam ser um chuveiro, recolher as suas roupas e pertences, carregar e transportar os corpos mortos, ainda quentes, são as estações dum calvário do qual o melhor é abstrair-se, tal o absurdo e a ignomínia do que presencia. Um dia, durante mais um carregamento de cadáveres, Saul apercebeu-se que um miúdo conseguiu sobreviver ao gás venenoso. Leva-o para a enfermaria, apenas para assistir à sua imediata asfixia às mãos dum médico nazi. A partir dali, o “sonderkommando” só tem um objectivo: proporcionar àquela criança um enterro religioso e digno, em vez de ser levado para o crematório após autópsia. Para tal, vai pedir ajuda aos companheiros de infortúnio, invocando o facto de o miúdo ser seu filho… <br />Seria mesmo seu filho? Sinceramente, isso pouco importa. O relevante é que, no meio daquele horror, Saul encontrou um propósito e, para tal, moveu todas as montanhas que encontrou para o alcançar. O seu rosto é apático, submisso, a face dum robot que vivia no estrito cumprimento das regras dos oficiais nazis, pois “os sonders executam as suas horrendas tarefas com a mais ignara indiferença”, como referia Szmul, o “sonderkommando” do belíssimo livro de Martin Amis “A Zona de Interesse” que aborda esta temática, mas vista do lado dos responsáveis pelo campo. Mas Saul viu naquele menino um salvador para a sua agonia. Sabia que iria morrer, mais tarde ou mais cedo, porque era o que acontecia regularmente aos “sonderkommandos”. Daí que tenha escolhido aquele caminho, provando que mesmo em situações extremas o ser humano consegue encontrar alguma luz, alguma orientação que o liberte da negação total e lhe permita esquecer-se do fim absoluto. Enterrando a criança pelo rito judeu, Saul abriria as portas do Paraíso, a ela mas, também, a ele. Como tudo está invertido num campo de extermínio que é um local de sementeira de morte, de negação da vida, de exaltação do absurdo, também esta não é a história dum Filho moribundo que pede ajuda ao Pai, é a de um pai que vê no filho a ajuda que precisa. Daí que, no final, a visão duma criança a correr, livre, numa floresta (com todo o simbolismo inerente) faça mudar a imutável expressão facial de Saul e permita, pela primeira vez, vermos o seu sorriso… <br />László Nemes, o realizador húngaro que dirigiu este “O Filho de Saul”, não tem ainda quarenta anos mas teve a capacidade de construir uma história tão dramática, como esta, sem entrar em julgamentos e moralismos. Esses ficam para o espectador. De igual forma teve a dignidade de não mostrar ostensivamente os cadáveres empilhados ou o queimar dos corpos. Quando não havia alternativa, optou por os deixar em segundo plano, desfocados, ou mostrando apenas um ou outro membro do corpo, possibilitando ao poder da sugestão fazer o resto. Até porque o objectivo do filme não era esse, mas antes ver como se pode salvar uma alma daquele Inferno. Optando brilhantemente por acompanhar Saul sempre de muito perto, como se fossemos um seu gémeo siamês, Laszlo Nemes como que integra o espectador na acção, amplificando naturalmente o horror de toda aquela situação. O papel principal foi entregue a Géza Röhrig, um poeta e actor húngaro e também judeu, qualidade que, sem dúvida, influenciou a composição de Saul. <br />O filme venceu Cannes, o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e mais uma quantidade enorme de prémios. E merece-os, sem dúvida alguma, ficando a ombrear entre os melhores filmes já feitos sobre o Holocausto. Porque o horror é sempre muito maior quando se foca num drama pessoal do que numa tragédia colectiva.
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Cara Vera Mantero

José Neves

"Shoah", de Claude Lanzmann, também nos faz entrar nas câmaras de gás e crematórios dos campos de concentração, também nos leva a reflectir sobre o cariz industrial do Holocausto, e é um filme imensamente superior a este "Filho de Saul". Fá-lo é através de um mecanismo bem menos imediato: a palavra - toda essa viagem pela memória do horror ocorre fora de campo. <br />Investigue, visione, e talvez venha a perceber por que é que críticos como o Luís Miguel Oliveira não se deixam deslumbrar com um filme como "Saul". Que não deixa de ser bom, atenção.
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Os críticos de cinema percebem de cinema

Sara

Aos "leitores-críticos", os críticos de cinema são especializados nisso mesmo, no cinema. Se um mau filme tem um tema interessante, é moralmente enriquecedor e convoca facilmente a emoção do espectador, então vejam-no e revejam-no. Guardem é as euforias opinativas para vocês. O cinema é muito mais do que aquilo que se vê, tem elementos técnicos objetivos à qual a grande maioria dos espectadores não tem a mínima sensibilidade. Por isso existem, felizmente, os críticos e, muito especialmente, os críticos de cinema. Como o cinema se vê hoje em todo o lado, toda a gente se acha certificada para ter opinião sobre aquilo que consome como entretenimento terapêutico. Amadureçam, cresçam um bocadinho, e falem dos filmes do vosso ponto de vista limitado. Não o contraponham ao da crítica, por favor, é contrapor alhos a bugalhos... <br />Nem toda a crítica é boa e bem feita, como é óbvio, mas não é com "lições morais" ou "lições de vida" que se devem retorquir, só vos faz parecer ainda mais ignorantes.
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Os críticos de cinema percebem de cinema

Sara

Aos "leitores-críticos", os críticos de cinema são especializados nisso mesmo, no cinema. Se um mau filme tem um tema interessante, é moralmente enriquecedor e convoca facilmente a emoção do espectador, então vejam-no e revejam-no. Guardem é as euforias opinativas para vocês. O cinema é muito mais do que aquilo que se vê, tem elementos técnicos objetivos à qual a grande maioria dos espectadores não tem a mínima sensibilidade. Por isso existem, felizmente, os críticos e, muito especialmente, os críticos de cinema. Como o cinema se vê hoje em todo o lado, toda a gente se acha certificada para ter opinião sobre aquilo que consome como entretenimento terapêutico. Amadureçam, cresçam um bocadinho, e falem dos filmes do vosso ponto de vista limitado. Não o contraponham ao da crítica, por favor, é contrapor alhos a bugalhos... <br />Nem toda a crítica é boa e bem feita, como é óbvio, mas não é com "lições morais" ou "lições de vida" que se devem retorquir, só vos faz parecer ainda mais ignorantes.
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Os críticos não percebem nada

Vera Mantero

<p>Depois de ver este filme e depois de ler a crítica do Luís Miguel Oliveira (e também a de todos os outros leitores) volto a aperceber-me de como os críticos profissionais percebem de facto muito pouco não necessariamente acerca de cinema mas acerca da vida e daquilo que os rodeia.Este é um filme fundamental e incontornável, por mais que o Oliveira tenha ficado muito cansadinho com o grande plano permanente. Como é possível ter tão pouco a dizer (as magras 15 linhas do crítico Oliveira) sobre um filme tão fundamental? É preciso ter horizontes bem pequeninos. Nemes consegue enfiar-nos dentro da câmara de gás e do crematório de Auschwitz, coisa que nunca ninguém tinha conseguido fazer em cinema até hoje e que é fundamental para a compreensão da enormidade do fenómeno. Consegue levar-nos a viver por alguns instantes o ritmo absolutamente frenético e imparável da indústria da morte que foi Auschwitz e sobretudo isso, consegue fazer-nos entrar nessa realidade industrial e compreender o quanto aquele lugar foi uma fábrica, o quanto o genocídio judeu foi uma indústria.</p>
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Inquietante

Laurinda

Inquietante do início ao fim. Dos filmes que vi a retratar o holocausto, este foi o que mais me aproximou da angústia de quem por lá passou. Bravo!
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Sensacional

João Vaz

Após dezenas de filmes sobre o Holocausto, o cineasta hungaro consegue uma nova perspetiva. Excelente interpretação. Um filme que ficará na história do cinema.
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O Mal

Isabel Miranda

O argumento não é dos mais cativantes, mas o filme vale porque retrata bem o mal que o Demónio é capaz de fazer quando os homens se colocam ao seu serviço, também nossos dias...
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4 estrelas

JOSÉ MIGUEL COSTA

A história do Filho de Saul é bem simples, e até algo monocórdica (praticamente 107 minutos de "mais do mesmo"): um judeu húngaro (Saul), obrigado a trabalhar num campo de concentração nazi durante a Segunda Guerra Mundial como sonderkommando (grupo designado pelos alemães, e separado dos demais, para carregar e cremar os corpos dos prisioneiros após estes terem sido aniquilados nas câmaras de gás), certo dia descobre entre os mortos aquele que diz ser seu filho, e a partir de então inicia uma épica jornada clandestina para resgatar o seu corpo e sepultá-lo, com um mínimo de dignidade, de acordo com as tradições da sua religião. <br />Apesar da linearidade da sua narrativa, este filme, possivelmente, irá ficar na História da 7ª arte como um dos mais violentos relatos sobre as atrocidades cometidas pelos nazis durante o holocausto, sem que para o efeito mostre qualquer imagem explicita da carnificina - e tal objectivo é atingido graças à espectacularidade da experimentação visual que nos induz toda uma série de sentimentos negativos através do simples poder da sugestão. E é precisamente no campo estético (que consegue restringir o que vemos, sem ocultar o que se passa, impondo uma espécie de véu sobre os "bastidores da indústria da morte") que reside a grandiosidade e o poder dramático desta obra caótica e claustrofobica. <br /> <br />Tudo nos é mostrado sob a perspectiva do protagonista (em seu redor apenas gravitam meros figurantes desfocados), a câmara (quase na totalidade do tempo na mão) acompanha-o ininterruptamente e de forma frenética, genericamente sempre colada ao seu rosto (pelo que a curtíssima profundidade do campo deixa praticamente todo o resto, que não o 1º plano de Saul, fora de foco). Os planos abertos são, portanto, quase inexistentes e para ampliar a sensação de aprisionamento é utilizado um formato de tela reduzido, de 1: 37. <br /> <br />Em suma, tal resulta numa obra extremamente forte (não recomendável aos mais sensíveis), que dificilmente esqueceremos.
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