City Island - Segredos à Medida

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Comédia Dramática 100 min 2010 M/16 13/05/2010 EUA

Título Original

City Island

Sinopse

Na família Rizzo vigoram todo o tipo de segredos: Vince Rizzo (Andy Garcia), o patriarca, é um guarda prisional que mantém uma relação platónica com Molly Charlesworth (Emily Mortimer), uma nova amiga que a sua esposa Joyce (Julianna Margulies) não suporta; Vivian (Dominik García-Lorido), a filha, diz ser estudante mas na verdade foi expulsa da faculdade e agora é "stripper" num bar de Nova Jersey; Vinnie Jr. (Ezra Miller), o benjamim da família, é um "feeder" com um fetiche por raparigas XXL.<br/> Quando Vince decide levar para casa Tony Nardella (Steven Strait), o filho ilegítimo que abandonou há 24 anos, sem explicar a ninguém os motivos, percebe que, para se poder assumir verdadeiramente, terá de revelar as pequenas (e grandes) mentiras que tem mantido a sua vida inteira. Mas essa decisão vai pôr em causa as relações entre cada um dos membros da sua invulgar família...<p/>PÚBLICO

Críticas dos leitores

City Island - A família e a mentira

Fernando Costa

“City Island” é uma divertida comédia sobre a mentira no interior de uma família, que embora vivendo numa área paradisíaca do Bronx poderia viver em qualquer cidade do mundo. Recentemente “Eu Amo-te Phillip Morris” mostrou-nos as consequências da mentira na vida de um homem que era secretamente gay. Em “City Island” não há homens a revelarem-se gays mas não é preciso uma vez que toda a família está dentro do armário porque todos mantêm segredos (alguns mais cabeludos do que outros) e todos mentem uns aos outros. Sinopse: Vince Rizzo (Andy Garcia) é um oficial de uma prisão do estado de NY que quer ser actor e que esconde que frequenta aulas de interpretação à sua mulher, dizendo-lhe que vai jogar poker! Seu filho (interpretado pelo actor Ezra Moleiro), está em plena adolescência, os pais têm dificuldade em controlá-lo (e castigam-no ainda como uma criança) e sem que ninguém se aperceba passa horas no seu quarto na Internet a visitar sites pornográficos com mulheres mais velhas e obesas; a filha, suposta universitária trabalha como stripper e todos eles fumam em segredo pensando que os outros ou pararam de fumar ou não fumam. Um aparente desconhecido é trazido para a casa da família por Vince da prisão onde este trabalha; este desconhecido é afinal um outro filho mais velho de Vince, facto que tirando Vince mais ninguém conhece, mesmo o recluso. Este é o “Segredos e Mentiras” de Mike Leigh transposto para a comédia. O argumento é escrito pelo também realizador da película Raymond De Felitta com um grande sentido de humor, e se às vezes é previsível consegue dar-nos uma perspectiva cómica da “normal” dinâmica familiar – é das pessoas que nos são mais próximas que temos maior necessidade de esconder coisas. E isto é quase inescapável no ambiente familiar: após anos de convivência, depois de tantos anos a somar os pequenos detalhes que nos incomodam, depois das discussões inevitáveis, todos tentam apenas manter o equilíbrio entre os seus próprios desejos e expectativas e os desejos e expectativas dos outros membros da família. A mentira torna-se quase uma necessidade para não fazer descarrilar o comboio familiar. A certa altura uma personagem adulta diz a outra: “Eu não te disse a verdade porque tive medo…”, sendo que a verdade neste caso era totalmente inofensiva e inocente… E esta é a armadilha, após algum tempo a mentira surge até em coisas sem interesse porque simplesmente já ninguém está disposto a mais uma possível reacção não positiva por parte dos outros, o que como é óbvio não pode levar a bom porto. A película usa as verdades escondidas para criar uma sucessão de enganos que culminam na cena no meio da rua, perto do fim do filme, filmada com um sinal de trânsito ao fundo onde se pode ler “Fim” (o fim das mentiras?). A história desenrola-se perante os nossos olhos da mesma forma que para o ex-presidiário, que se vai facilmente apercebendo de todas as mentiras e encobrimentos (porque os membros da família não se esforçam para lhe esconder os detalhes que ocultam aos outros), não sabendo ele (e nós em relação às nossas próprias vidas) que é parte das mentiras. Raymond De Felitta faz um bom trabalho na realização, consegue bons desempenhos dos actores, mantém a película com um bom ritmo e com noção de “timing”, uma necessidade para fazer uma comédia funcionar. As cenas nas aulas de representação embora não originais são divertidas, assim como é mais do que divertida a cena em que Vince vai a uma audição. Mas a cereja no topo do bolo é a primeira refeição da família depois de o filho incógnito de Rizzo ser trazido para a casa - é simplesmente hilariante. Andy Garcia está no seu melhor e Ezra Moleiro, no papel do filho adolescente de Vince tem um desempenho digno de menção. O elenco restante, including Margulies (no papel de mulher de Vince), está em tom com o filme (Alan Arkin faz aparições breves como o professor de representação). City Island poderia ter sido mais corajoso (todos as personagens são essencialmente boas e de alguma forma tornadas simpáticas). Talvez o personagem menos provável é o de filho mais velho de Rizzo, que é bom demais para ser real: parece estruturalmente demasiado integro e honesto para alguém que teve uma vida difícil marcada pelo abandono (pai e mãe alcoólica) e que enveredou pelo crime. E é esse sentimento que atravessa todo o filme: as personagens embora com características particulares e apesar de mentirem e de encobrirem coisas às pessoas que mais amam são “glamorizadas” e era preciso que fossem tornadas mais reais. Globalmente City Island é uma comédia bem conseguida sobre a família que vale a pena ver. ** (2,5/5)
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