Ver o “Fireflies in the Garde”n como um filme sobre uma família disfuncional é passar completamente por cima dele, ver como quem vê de fora uma fruta de casca grossa, e não dar atenção ao sabor e textura do fruto. Este filme fala sobre recordações, como elas nos afectam, como nós as escolhemos, como nos decidimos, quase racionalmente como as ir procurar nos momentos em que precisamos delas para fazer sentido à vida. O genial deste filme é, tendo em conta um desastre, um acidente, resolver o acidente não pela troca de acusações, mas pegando em duas personagens do filme, e mostrar como eles se recordam do momento de maneiras diferentes, culpando-se de maneiras diferentes. É um filme que mostra um rapaz atormentado por um pai castigador, que vive tão intensamente essas memórias, que se esquece que teve momentos bons. Como é que se lembram? Porque como tudo o que é maravilhoso no mundo do cinema, dos filmes, e da arte, o registo ficou marcada num pequeno filme familiar, onde nos apercebemos como espectadores, pela primeira vez isentos no filme, que a história daquela família não é formada só de más memórias. Até porque se fosse todo o amor que se sente nas personagens não teria lógica. Assim é um filme sobre recordações, muito bem realizado, muito bem representado. A não perder.