Muitas críticas se podem fazer ao filme. De um lado, uns dizem que glorifica a RFA. Doutro, uns dizem que ridiculariza os seus líderes, especialmente Baader. Mas nada disto anula o brilhantismo do filme. A narrativa decorre de forma a obrigar-nos a prestar atenção a todos os pequenos pormenores. Começamos por saber o que levou um grupo de jovens, acompanhados por uma jornalista, a passar a barreira e entrar na clandestinidade e na luta armada pelos seus ideais. Percorremos a evolução da RFA, as suas contradições, os seus dilemas internos, as suas disputas. Acabamos por ver como o estado alemão consegue vergar este pequeno grupo que abalou um país durante anos. A violência dos actos da RFA é sempre contrastada com a violência imperialista norte-americana, mostrando como o rótulo "terrorista" é fútil e desprovido de sentido. É já raro vermos um filme que nos deixe a pensar e este é um desses filmes. Mais um filme que mostra como o cinema alemão está em grande forma. Depois de "Adeus Lenine", "Os Edukadores" e "Ascensão e Queda do III Reich", temos mais um filme bem realizado, com interpretações notáveis e uma narrativa empolgante. Vasco Câmara não deve ter visto o mesmo filme que eu vi.

Quando li a critica de Vasco Câmara, antes de ver o filme, desconfiei. Hoje, depois de ver o filme, tenho a certeza que eu e Vasco Câmara não vimos o mesmo filme. Como é possível não encontrar nada de positivo neste filme? Como é possível ser tão "crítico"? O realizador recorreu em demasia as imagens de época? Pois, Steven Spielberg deve ter utilizado 3 ou 4 vezes mais imagens de época em "Munique", mas como é Spielberg já vemos com outros olhos... Aconselho vivamente a quem gosta de historia contemporânea e tem interesse em saber como e porque se formaram certos movimentos e grupos terroristas. Quem for a espera de uma produção de Hollywood vai sair desiludido pois trata-se um filme europeu. Terá sido isso que desgostou Vasco Câmara?

Quem gosta de história aconselho a ir ver o filme. Morre-se por um ideal mesmo tendo morto muita gente inocente, o que é sempre de reprovar.