Transamerica

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Comédia Dramática 103 min 2005 M/16 23/02/2006 EUA

Título Original

Sinopse

Bree (a espantosa Felicity Huffman revelada em "Donas de Casa Desesperadas") é uma mulher transexual com uma educação superior que vive num bairro pobre de Los Angeles e tem dois empregos para poder pagar uma cirurgia de transformação sexual final. Um dia, ao receber um telefonema de Toby, um adolescente à procura do pai e que se encontra preso, Bree, escandalizada, descobre que um desastroso encontro heterossexual, durante a sua vida como homem, resultou num filho. O instinto de Bree diz-lhe para virar as costas ao passado, mas a sua terapeuta insiste que ela deve enfrentá-lo... Com muito custo, Bree parte para Nova Iorque para pagar a fiança e tirar Toby da prisão. Aí, quando descobre o que Toby planeia fazer da vida, resolve oferecer-lhe uma viagem pelo país até Los Angeles, onde a sua tão aguardada operação a espera, sem nunca, contudo, revelar-lhe o seu duplo segredo: que é um "homem" e é seu "pai". Nessa viagem, entre manipulações e chantagens, Bree tenta "corrigir" Toby a todo o custo. <p/>PUBLICO.PT

Críticas Ípsilon

Pai (mãe) e filho

Mário Jorge Torres

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Transamerica

Luís Miguel Oliveira

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Críticas dos leitores

Comédia dramática

António Cunha

A forma digna como aborda os dilemas e problemas de um transexual na sociedade americana – e no seio da sua própria família – é o maior mérito deste filme. Trata-se de um "road movie" onde Stanley/Bree (Felicity Huffman), pai de um jovem de 17 anos, Toby – detido em NY por prostituição, tenta levar "a bom caminho" o seu filho numa viagem pela América até LA. Na iminência de, finalmente, fazer a sua tão aguardada operação, Bree sabe que deve acompanhar os passos do filho. Se não pecasse por excessos cómicos – alguns bons –, este filme teria garantido a sua intemporalidade enquanto obra cinematográfica.<br/><br/>O notável desempenho de Felicity Huffman, nomeada ao Óscar da Academia para melhor actriz, também é motivo para deslocação ao cinema. Destaco também a presença do actor Graham Green.
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This is the right voice

Joana Veiga

"Transamerica" é um filme decente sobre um dos grandes tabus da América profunda do talvez século XXI: a sexualidade. É uma visão sobre como não se aceita a diferença do outro que nos é próximo mas se permite a perfídia e se cultivam as submissões das taras forçadas de cada um. "Transamerica" é em grande parte o desempenho de Felicity Huffman, transformada em Bree (que ainda começa Stanley) e que termina numa verdadeira mulher, incluindo o instinto maternal, depois de uma tripla viagem (a da estrada, a da vida de Bree e a da descoberta da vida de Toby) cheia de pormenores e detalhes psico-trágicos que fazem rir a audiência.<BR/><BR/>Retratando com primor os clichés das famílias matriarcais desajustadas e conservadoras (a mãe ditadora estilo Dolly Parton sulista, o pai fraco preocupado com a sua ida performance sexual e a irmã rebelde num pós-estádio alcoólatra), ou os esquemas de sobrevivência dos miúdos espertos e despachados, há sem dúvida uma crítica implícita ao cinismo púdico americano, que para si clama o epíteto de "Land of freedom, home of the brave".<BR/><BR/>É um filme que, tal como o nome indica, transveste a América e mostra que a liberdade é subjectiva e que o sonho não é propriedade americana como nos quiseram fazer acreditar, mas que no fundo, no fundo, a sorte protege os audazes.
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A importância de Transamerica

Frederico Galhardo

Na sua primeira obra como realizador e argumentista, Duncan Tucker aborda o tema polémico e actual da transexualidade. Trata-se da história de um homem que, na semana que antecede a cirurgia que o tornará mulher, descobre que tem um filho. Omitindo o grau de parentesco que os une, Bree, nome da protagonista, vai buscá-lo à casa de correcção em que este se encontra e promete levá-lo a Los Angeles, já que o seu sonho é fazer carreira nos filmes pornográficos. A partir daqui, podemos verificar a evolução de uma relação de grande afecto e carinho entre os dois. "Transamerica" é um filme importante, na medida em que poderá contribuir para "abrir" um pouco mais a mente daqueles que vêem os transexuais como uma aberração da natureza.<BR/><BR/>Através da personagem de Bree apercebemo-nos de que determinadas pessoas nascem no corpo errado e por isso recorrem a uma operação que lhes permite modificar o seu corpo. Apenas muda o seu corpo e não a sua alma, ou seja, o ser humano que eles são. Desta forma, devem ser encarados por todos os outros cidadãos não só com o mesmo respeito, mas também com os mesmos direitos e deveres na sociedade. Cada pessoa faz o que quer da sua vida e os outros têm apenas de respeitá-los, na medida em que não somos ninguém para julgar as decisões dos outros no que respeita à forma como querem viver.<BR/><BR/>Não posso deixar de referir a excelente interpretação de Felicity Huffman, conhecida entre nós pela série "Donas de Casa Desesperadas", que tem neste filme o papel da sua vida, que certamente lhe dará o Óscar para a Melhor Actriz de 2005, isto é, se houver justiça e se a Academia não entregar o aclamado troféu a Reese Witherspoon pela sua interpretação secundária e pouco entusiasmante em "Walk the Line".
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Sublime

Francisco Falcão

Se a máxima "O sublime está a um passo do ridículo" é verdadeira, então estamos perante um filme extremamente bem conseguido, já que é enorme a distância que os separa. É sublime a irrepreensível interpretação de Felicity Huffman, é sublime o argumento que nos absorve e nos vai conquistando até ao final, é sublime toda a banda sonora, é sobretudo sublime o efeito que o filme produz de elevar a sublime uma ideia que a todos nós parece ser, tão frequentemente, ridícula e vulgar. Cinco estrelas.
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Entre a comédia e o drama, entre o masculino e o feminino

Rita Almeida (http://cinerama.blogs.sapo.pt/)

A premissa de "Transamerica" é antiga: um pai e um filho numa "road trip" que reforça a ligação entre ambos. Mas o argumentista-realizador Duncan Tucker, na sua estreia nas longas-metragens, marca a diferença com um pai que sofre disforia de género, ou seja, é transsexual. Bree (Felicity Huffman) - anteriormente conhecida por Stanley - vive no sul da Califórnia e está a uma semana de fazer a operação que finalizará o processo para se tornar mulher. Um telefonema de Nova Iorque informa-a de que Toby (Kevin Zegers), o filho incógnito de Stanley agora com dezassete anos, se encontra detido por actos de delinquência. A psicóloga de Bree, Margaret (Elizabeth Peña), recusa-se a assinar a autorização para a operação enquanto Bree não resolver este assunto do seu passado. Por isso, ocultando a sua identidade sob a capa de uma organização religiosa, Bree vai pagar a fiança de Toby. E assim tem início a sua viagem através da América, ambos em busca do seu sonho: Bree da sua operação, Toby da sua carreira no cinema pornográfico.<BR/><BR/>Bree vive para o dia em que se tornará totalmente ela, mas é o processo gradual de se afirmar perante Toby que, em última instância, será a afirmação perante si própria. A tensão desta viagem reside sobretudo no facto de Bree se comportar instintivamente de uma forma paternal sem, no entanto, querer revelar a sua paternidade. Quando Bree se confronta com os seus pais, e especialmente uma mãe (Fionnula Flanagan) inconformada com o desaparecimento do seu filho Stanley, dá-se uma mudança de papéis, e é Toby que assume o papel protector face a Bree.<BR/><BR/>Tucker teve a ideia para este filme pela amizade que estabeleceu com uma mulher e que só mais tarde veio a descobrir ser transsexual. Optando por evitar os assuntos sociais mais polémicos, deu maior relevância ao lado humano. "Transamerica" é um filme que se ri de si mesmo, mas que, ao mesmo tempo, enfrenta com força uma verdade que magoa, mas cujo confronto conduz a melhores qualidade humanas. Mas a atitude global é tão positiva que nunca somos levados ao sentimentalismo. Como a personagem de Bree, "Transamerica" não é exactamente uma comédia nem exactamente um drama, mas um pouco de ambos. Um balanço equilibrado entre seriedade e humor, com a transsexualidade como pano de fundo.<BR/><BR/>Apesar de ser um projecto anterior, o papel de Felicity Huffman (apoiado pelo produtor e marido William H. Macy) acaba por estar altamente potenciado pela projecção de Huffman na série "Desperate Housewives". É a sinceridade da entrega de Huffman que impede que este filme seja um sermão sobre a tolerância ou sobre os valores conservadores da família tradicional (sim, porque, apesar de tudo, Bree é também ela conservadora). O seu poder de transformação, que passou também por técnicas vocais que lhe permitiram baixar o registo da sua voz, fez dela uma mulher que se veste cuidadosamente, mas que se move com rigidez, tensão e incerteza, como se não estivesse ainda habituada ao corpo pelo qual tanto lutou.<BR/><BR/>A opção de uma mulher para fazer o papel de um homem que se quer tornar uma mulher não é chocante se pensarmos que essa mulher é de facto quem ele já se sente e quem ele quer ser. Por isso é tão marcante a cena em que Bree coloca um dedo num disco de vinil para ouvir a voz da cantora ficar grave como a de um homem.<BR/><BR/>Não, o mundo não é junto. Não, não nascemos todos iguais e com iguais oportunidades. Não, não há soluções fáceis. Nota: 4/5.
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