O Libertino

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Drama 114 min 2004 M/16 26/01/2006 GB

Título Original

The Libertine

Sinopse

Londres, 1660. John Wilmot (Johnny Depp), segundo Conde de Rochester, alcoólico e devasso, é famoso pela sua escrita arrojada. É um poeta dotado, conhecido pelo seu estilo de vida escandaloso e depravado. Amigo e confidente do Rei Carlos II (John Malkovich), Wilmot rege a sua existência pela busca do prazer, enquanto vai divertindo e ultrajando o rei e a corte com as suas sátiras. Quando Wilmot se cruza com Elizabeth Barry (Samantha Morton), sua protegida, que pretende tornar numa grande estrela, o seu declínio começa. E numa sociedade onde reinam a decadência e a hipocrisia, a natureza rebelde e irreverente de Wilmot terá consequências drásticas...<p/>PUBLICO.PT

Críticas Ípsilon

O Libertino

Luís Miguel Oliveira

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Críticas dos leitores

Elegante e soturna decadência

Rita Almeida (http://cinerama.blogs.sapo.pt/)

Londres. 1670. Um século antes, os Puritanos tinham calado o Shakespeare da Rainha Isabel. No século XVII, a Restauração trouxe de volta o profano, com ainda maior força. No teatro era o triunfo das comédias. John Wilmot, o Segundo Conde de Rochester, é convidado pelo rei Carlos II a escrever uma peça que será apresentada a um dignitário estrangeiro. Mas o talento literário de Wilmot rivaliza de perto com a sua irreverência e depravação. Avisando-nos desde o início, num monólogo magistral, que não quer que gostemos dele, Wilmot cria em nós, automaticamente, essa apetência. E depois, quando entramos na história, tudo quanto nos podia fazer desprezá-lo é atenuado perante o seu humor inteligente, a sua rebeldia quase adolescente, a sua paixão pela actriz Lizzie Barry (Samantha Morton), que ele decide orientar e transformar numa estrela, e, por fim, a sua degradação física.<BR/><BR/>Para além disto, o papel de Wilmot está feito à medida de Johnny Depp. E é impossível não valorizar a imensa dedicação deste actor às suas personagens e o seu valioso trabalho. Samantha Morton está subutilizada, mas John Malkovich, com o seu nariz, é arrepiante no papel de Carlos II. Nos secundários, o quarteto Rosamund Pike, Kelly Reilly, Tom Hollander e Rupert Friend, que repete a parceria de "Orgulho e Preconceito", cumpre adequadamente a sua função.<BR/><BR/>A reconstituição histórica faz uma evocação realista da época, quer nos cenários, quer no guarda-roupa. Acompanhando a banda sonora de Michael Nyman, está a impressionante fotografia de Alexander Melman em castanhos e cinzentos, de fumo, nevoeiro e sombras, de estradas lamacentas e de uma escuridão iluminada por velas. Infelizmente, quem não for ver este filme ao cinema perderá esse impacto visual, dado que em vídeo será muito difícil que esta paleta resulte.<BR/><BR/>A falha mais marcante do filme, além do ritmo lento da segunda metade, prende-se com a falta de informação sobre as motivações que levam Wilmot a agir como age. E é muito complicado quando a melhor parte do filme é o seu início, volto a referir o monólogo. A partir daí tudo perde na comparação. Fica também na retina a hilariante posta em cena da peça de Wilmot, "Sodom or The Quintessence of Debauchery", considerada a primeira obra pornográfica impressa da literatura inglesa.<BR/><BR/>No meio de mulheres e bebida, Wilmot é um homem que perde a alma, o coração e, por fim, o corpo. Mas, mais do que isso, ele representa a liberdade pessoal, a liberdade de expressão e de criação artística. A estreia do realizador Laurence Dunmore, com o argumento que Stephen Jeffreys adaptou da sua própria peça, é um bom cartão de visita, sobretudo porque se evitou a moralidade aborrecida, que limitaria este filme a um aviso sobre uma vida desperdiçada, optando antes por um retrato da decadência, elegante e soturno.
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