“Jeepers Creepers” se inspira mais em séries de TV de terror dos anos sessenta do que na onda de filmes de terror adolescente dos anos noventa na criação de atmosferas sombrias e no ritmo cadenciado. Dois irmãos fazem uma viagem de "Spring Break" de volta para casa, metendo o pé na estrada – obviamente num carro antigo, porque é o melhor tipo que funciona cinematograficamente (os modelos de carro após os anos 80 são todos cafonas). O diálogo, obviamente implicante, entre os irmãos é interrompido por uma camioneta antiga que quase os atira para fora da estrada. Ao longo da estrada eles encontram o dono da camioneta desovando corpos enrolados em lençóis manchados de sangue. O que se segue é uma sequência tensa tirada directamente do "Duel" de Steven Spielberg, mas com seus próprios méritos. A grande decepção em "Jeepers Creepers" é que o filme sofre de tensão decrescente – ele tem uma primeira metade absolutamente fantástica e não se sustenta da mesma forma no restante do filme. Não que o filme peque, é que ele fica parecendo mal resolvido, inacabado, o roteiro parece ter sido terminado às pressas. Felizmente, o director Victor Salva já parecia ter o final em mente – esse sim, nada previsível. Ele reserva para o público, acho que, o último fotograma de filme mais assustador dos últimos tempos, capaz de te dar pesadelos, dependendo da circunstância em que você assista esse filme. Não há razão para se dissecar um filme-entretenimento como esse: as actuações, a mensagem, a fotografia. É um filme que, bem ou mal, funciona. O que já é uma grande coisa.