Lamecha e inverosímel, como qualquer história de amor
Rita Almeida (http://cinerama.blogs.sapo.pt/)
Se gostam de uma história lamechas até mais não poder ser, com um par romântico com boa química, e não são muito exigentes com buracos no argumento, "The Lake House" é uma boa escolha. Kate (Sandra Bullock) sai da casa do lago e deixa na caixa do correio a sua nova morada para reenvio de correspondência. 2004, Alex (Keanu Reeves) acaba de comprar essa mesma casa nas margens do lago Michigan. Ao verificar o correio, Alex encontra a carta deixada por Kate. A data dessa carta é de 2006. Kate, uma médica solitária que afasta toda a gente que se aproxima dela, e Alex, um arquitecto com questões antigas para resolver com o pai (Christopher Plummer), começam a corresponder-se através de uma caixa do correio que funciona como máquina do tempo. E, a dois anos de distância, apaixonam-se. Resta saber se conseguirão arranjar uma forma de se encontrarem no futuro de um e no presente do outro. Essencialmente, Reeves e Bullock narram o filme através das cartas que escrevem, por vezes interrompendo-se abruptamente como se de uma conversa se tratasse.<BR/><BR/>Depois de "Speed", a química entre ambos ainda se mantém, tal como se mantêm as dúvidas acerca da sua versatilidade interpretativa. Sem ser tão enjoativo quanto "Ghost" (1990), esta história de amor que atravessa o tempo, uma versão do filme sul-coreano "Siworae" ("Il Mare"), é uma metáfora sobre o grande mito urbano de que "o verdadeiro amor espera".<BR/><BR/>Para nos tentarem convencer disso, o realizador Alejandro Agresti e o argumentista e dramaturgo David Auburn ("Proof") fazem uso da bela arquitectura de Chicago (potenciada pela fotografia de Alar Kivilo - "The Ice Harvest") para compensar a fraca densidade das personagens e um conjunto demasiado extenso de incongruências como, por exemplo, o facto de Alex e Kate nunca enviarem fotos um do outro, Kate nunca se lembrar de pesquisar o nome de Alex na Internet, e uma mensagem numa parede de grafitti que sobrevive dois anos sem que nenhum poster a tape.<BR/><BR/>No final, dão-se graças aos lentos serviços postais americanos. Para culminar, o elemento coerente: o final piroso. Mas "The Lake House" vale por isso mesmo: o vidro, o aço e a luminosidade da casa no lago (mérito do design de produção de Nathan Crowley). Reality check: o amor não espera, vive-se! Nota:4/10.
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