As tem�ticas j� foram exploradas: inadapta��o do ex-combatentes norte-americanos no seu regresso � p�tria; a guerra frustrante no Iraque; e a candid camera dos telem�veis. Mas este filme integra-as duma maneira inteligente e carregada de significado, digna do nome de Paul Haggis, embora se lamente durar demasiado tempo. A morte dum cabo regressado do Iraque, filho dum sargento refornado (Tommy Lee Jones, muito s�brio, muito ele mesmo) � o pretexto para os acontecimentos que, numa cidade que vive quase s� para a base militar onde o falecido se encontrava estacionado, lan�am este filme.<BR/>O protagonista � a viol�ncia que vive dentro de cada um, viol�ncia essa que cresce desmedidamente no viver do teatro de guerra. Os v�deos do telem�vel foram feitos pelo cabo para que o pai, como ex-militar, se apercebesse da guerra que agora se faz, um cen�rio de horrores que custa a digerir e que se pega a tudo e todos, tornando os soldados insens�veis ao sofrimento. Abu Ghraib a servir de pano de fundo? Apenas nos � explicado porque � que uma gra�ola sobre a condu��o autom�vel pode degenerar em briga e, por carambola, em coisas mais graves. Tudo o resto se pode imaginar a partir da�.<BR/>O pior de tudo � constatar-se que a prepara��o psicol�gica dos soldados n�o foi feita, chegam �s camaratas ainda com o acne agarrado �s bochechas e completamente ignorantes do que � o mundo e a guerra, e largam-nos nesta apenas com a parte mais f�cil do treino militar. N�o admira que se droguem, n�o admira que, na aus�ncia de inimigo declarado, se virem uns contra os outros, ou contra quem t�m em casa. H� um pouco de tudo isso no filme<BR/>A realiza��o � muit�ssimo competente, com uma fotografia soberba, e tamb�m vale a pena real�ar Charlize Theron, a detective que acaba por ajudar o paciente mas determinado pai do assassinado, numa vers�o que, n�o escondendo a sua beleza, a despe de tudo o que tem tido de "boneca" nos filmes que j� fez. S� � pena a morosidade do filme, que n�o se justifica, e ainda pior com a pretendida manobra de divers�o da �nica cena de ac��o — ali�s, a sua total inutilidade demonstra o preconceito de "popularidade" que se imp�e num filme como este, banalizando-o (mesmo que bem encenada, como � o caso). N�o houve como em Brokeback Mountain a coragem de assumir o registo pr�prio no conjunto de todo o filme, e ao contr�rio daquele que tamb�m era comprido, n�o havia a subst�ncia para prolong�-lo como ficou. Perde-se na coer�ncia, perde-se no rigor art�stico, o que � uma pena porque nos restantes aspectos � uma boa fita.