Dolls

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Romance, Drama 114 min 2002 M/12 11/07/2003 JAP

Título Original

Dolls

Sinopse

São três histórias de amor imortal, enlaçadas pela beleza da tristeza, inspiradas nas emoções mais puras do Bunraku, o teatro de marionetas japonês, que paralelamente ao Kabuki e ao Noh é um dos géneros teatrais mais importantes no Japão. <br/> Na primeira história, Matsumoto e Sawako são um casal feliz, mas as pressões das respectivas famílias obrigam-nos a escolher um destino trágico. Para proteger Sawako, Matsumoto liga-se a ela para sempre, unindo os corpos com uma corda vermelha. Erram sem destino, numa viagem que vai durar o tempo de quatro estações. <br/> Na segunda história, Hiro, um yakuza, regressa a um parque onde costumava encontrar a namorada. Trinta anos antes, era pobre e viu-se obrigado a separar-se da bela rapariga para abraçar o mundo do crime. Ela prometeu sentar-se todos os sábados no mesmo banco, com o almoço pronto à sua espera. <br/> Na terceira história, Hakuma, cujo rosto está coberto com faixas, passa muito tempo a olhar o mar. Pouco tempo antes, ela era uma grande estrela da música pop que passava a vida a dar autógrafos e a aparecer na televisão. Nukui é o seu maior fã e está disposto a prová-lo. <br/> Um filme do cineasta nipónico Takeshi Kitano sobre a inevitabilidade do destino, em que a beleza e a dor provocada pelo amor sobressaem a cada plano, entre cerejeiras em flor e folhas secas. <p/>PUBLICO.PT

Críticas Ípsilon

Dolls

Mário Jorge Torres

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Belíssimo

Kathleen Gomes

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Dolls

Luís Miguel Oliveira

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Apenas um adereço

Vasco Câmara

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Críticas dos leitores

Uma Viagem Sem Retorno

Luís Mendonça

Posso dizer, à partida, que tudo aquilo que eu escrever neste comentário não será suficiente para descrever ou exprimir, com proximidade, a real beleza desta grandiosa obra de Takeshi Kitano. Takeshi Kitano disse, recentemente, no decorrer de uma entrevista, que via "Dolls" como um dos seus filmes mais violentos e não como uma mera colecção de fotografias bonitas e sugestivas. E, de facto, é verdade: enganem-se aqueles que estão à espera de um filme "light" como "Verão de Kikujiro". Kitano continua num registo de sofrimento que destoa com a pureza da imagem (como acontece em "Fogo de Artificio" ou "Ponto de Ebulição"). Há um romance, tão inevitável como o destino, entre duas pessoas que é retomado após uma tentativa de suicídio por parte da mulher; há uma admiração, quase obsessiva, de um homem por uma famosa cantora pop; há uma paixão quebrada e que volta a ganhar forma quando ele já se transformou num mafioso "yakuza" e quando ela já envelheceu e perdeu a esperança. Estes são os "bonecos" postos a nu por Kitano e enquadrados em cenários belíssimos. Na primeira história de amor há um cordão vermelho que une o casal e que vai dar vida às restantes histórias. Esse casal une-se para partir numa viagem que só termina com a morte. Porque, apesar das cores e da beleza do filme, trata-se de uma obra profundamente deprimente e violenta. O filme arrasta-se numa melancolia atroz onde os bonecos de Kitano sentem uma dor angustiante e que só é libertada pela morte. É um trabalho de realização impressionante e uma obra que se desvia um bocado do habitual "Beat Takeshi violento". São amores tristes, manipulados pelo destino, que conferem ao filme uma dimensão humana impressionante. Sublime.
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A Poesia do Bunraku

Ricardo Pereira

É de espantar a violência visual e a crueldade com que o realizador japonês, Takeshi Kitano trata os seus personagens. Mas não cabe aqui a comparação – que se faz habitual e erroneamente – com Quentin Tarantino. Enquanto o cineasta e argumentista norte-americano se interessa pela banalidade de diálogos ostensivos, Kitano guarda no silêncio a sua ferramenta. Não se trata de nenhum exercício de sadismo ou de apologia da sanguinolência, mas de um olhar amargo sobre a vida, o amor e a cumplicidade. "Fogo de Artifício" (1997) e "Irmão" (2000) são os dois exemplos mais representativos da técnica de Kitano, na qual a rigidez do código de honra dos assassinos da Yakuza é estendida a toda à sociedade reprimida do Japão. Sociedade que, desde o tempo dos samurais, depende de regras sociais, incapaz de responder à tentação da rebeldia colectiva. E as intenções de Kitano ficam evidentes logo na sequência inicial. Uma apresentação de teatro de marionetas aquece o espectador e dá indícios da conduta do filme. Bonecos sem expressão transmitem agonia muda, e à coreografia das cordas do destino não cabe contorno. Logo são introduzidos os dois protagonistas. Matsumoto (Hidetoshi Nishijima) e Sawako (Miho Kanno) caminham presos por uma grossa corda vermelha. Não conversam, não se tocam, não param – apenas vagam num cenário idílico que lembra o lirismo de um Akira Kurosawa (1910-1998). Corta para o passado. Matsumoto, prestes a se casar com a filha de seu patrão, foge da igreja ao descobrir que Sawako, sua ex-namorada, acaba de tentar suicídio devido ao rompimento repentino. Sawako não morreu, mas entrou num transe vegetativo. Matsumoto decide fugir com ela, cuidar de seu verdadeiro amor. Com o tempo, até se acostuma com a falta de comunicação. Mas para evitar que Sawako sofra algum acidente, se amarra à mulher. E começa assim a andança sem rumo. Quando toda a situação já está assimilada pelo espectador, ao episódio do casal se somam mais dois, periféricos. No primeiro, um veterano da Yakuza decide procurar o grande amor da adolescência, abandonada sem justificativas em nome da carreira profissional. No segundo, o fã cego de uma estrela da música pop consegue se encontrar com sua musa, que se afastou do showbiz após um acidente que a deformou. O título remete ao teatro de bonecos Bunraku – criaturas de cerca de um metro de altura, manipuladas cada uma por três homens e cuja arte, ao lado do teatro Nô e do Kabuki, formam a trilogia clássica dos palcos japoneses. Kitano baseou-se na obra de Monzaemon Chikamatsu, escritor do século XVIII que escreveu importantes peças para o teatro Kabuki e para o próprio Bunraku. Pelo prisma de Kitano, os tormentos oitocentistas de amores reprimidos e personagens sacrificados se ligam ao desencanto das urbes contemporâneas. Apesar de tanto amargor, "Dolls" tem uma estética requintada, de encher os olhos, com uma direcção de arte apuradíssima. Os belos figurinos de Yohji Yamamoto são encantadores. "Dolls" é obra fílmica indispensável.
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Le Blanc et le Rouge

Paula Oliveira

Que dizer? O melhor seria nada. Talvez as três histórias sejam o menos importante. É o simbolismo, a forma como Kitano o maneja, através da beleza constante que quase ofusca (com a preciosa ajuda do estilista Yamamoto). O vermelho das folhas das árvores, de uma borboleta morta, dos brinquedos que se quebram, do sangue e, sobretudo, da corda que une o casal. Vermelho de vida, vermelho de sangue, vermelho de morte, vermelho que separa e une, tal como vida e morte são inseparáveis. Corda que une em vida como símbolo de união na morte, com a promessa de renascimento que ela contém? O branco das cerejeiras em flor, da neve que dói, o branco da morte — a cor do luto no Japão, mas também da vida possível para além dela... Se é evidente a presença da cultura japonesa, cada movimento simbólico acaba sendo universal se nos deixarmos guiar por essa corda que nos leva numa viajem de não ditos mas de emoções. E é sem palavras, mesmo as que, habitualmente, transportamos no nosso pensamento, que devemos acompanhar a viajem que Kitano nos dá quase como uma oferenda divina.
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