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Um Ano Mais

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Drama, Comédia 130 min 2010 M/12 27/01/2011 GB

Título Original

Another Year

Sinopse

Tom (Jim Broadbent) e Gerri (Ruth Sheen) atingiram a maturidade do amor e da felicidade, vivendo uma existência simples e descomplexada - ou, pelo menos, assim parece.<br />O mesmo, porém, não se pode dizer daqueles que os rodeiam: uma amiga (Lesley Manville) a passar por uma crise de meia-idade, um amigo (Peter Wight) alcoólico em busca de uma nova oportunidade no amor, o filho (Oliver Maltman) com a nova namorada, o irmão de Tom, Ronnie (David Bradley), em depressão após a morte da mulher.<br />Ao sabor das estações do ano, eles vão oferecendo conforto a quem os procura, ao mesmo tempo que vão revelando um pouco mais sobre si próprios.<br />O novo filme do realizador inglês Mike Leigh ("Nu", "Segredos e Mentiras", "Vera Drake") estreou a concurso na Selecção Oficial de Cannes de 2010 e acaba de ser nomeado para o Óscar de Melhor Argumento Original. <p> </p>PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Um Ano Mais

Mário Jorge Torres

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Um Ano Mais

Vasco Câmara

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As vidas dos outros

Jorge Mourinha

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Críticas dos leitores

Um ano mais

Maria Garrido

Dos melhores filmes, se não o melhor, dos que vi do realizador Mike Leigh.
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Um ano mais navida como ela é

Rui Ivo Lopes

Vida é mesmo assim: gente que adoece na Primavera, gente que nasce no Verão; gente que se apaixona no Outono; gente que morre no Inverno. E nesse inexorável passar das estações há gente perdida a buscar a felicidade investindo em sonhos estéreis, gente frustrada a desencontrar-se de si mesmo e gente sólida a servir de abrigo-conforto para toda a outra gente. A vida é mesmo assim! Como uma horta que pede cuidados permanentes para depois doar em dádiva os seus frutos. Há carinho a aquecer os abraços feitos no hall de entrada, na cozinha, no quarto, no barracão das ferramentas... em volta de uma chávena de chá ou de um barbecue. Desempenho notável de Leslet Manville a construir uma Mary que teima buscar sonhos em lugares que não são os seus e brilhante - ainda que fugaz - participação de Imelda Stauton que marca o início do filme com o seu dramático pedido de comprimidos para dormir para depois voltar a viver. Como se a vida pudesse ter pausas. A originalidade de "Um ano mais" (de Mike Leigh) está nesse retrato tanto áspero como suave das relações humanas, no retrato da vida tal como ela é...sem efeitos, sem caracterizações defeituosas ou excessivas. Sobre tudo aquilo que nos acontece. Porque depois a vida continua... http://ruiivo.blogspot.com/2011/02/um-ano-mais-na-vida-como-ela-e.html
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Os miudos ficarão bem

Rui Ivo Lopes

Os miúdos estão bem? Aparentemente sim. Lisa Cholodenko normaliza neste filme uma família nada convencional. Aparentemente os problemas são os de todos. Nic (Annette Bening) é uma médica de sucesso, controladora por ser o garante financeiro da casa o que lhe faz pensar que pode ser ela a ditar as regras. Jules (Julianne Moore) é a outra mãe que abdicou da carreira profissional para ficar em casa a tratar dos filhos e que, após estarem criados, retoma um trabalho com o que isso implica de nova adaptações no seio familiar. Joni (Mia Wasikowska) vive a apreensão própria de uma adolescente com a ida para a universidade; Laser (Josh Hutcherson) é um miúdo de 15 anos, que preocupa as mães por causa do amigo rufia. É dele a (natural?) curiosidade de conhecer o pai biológico, Paul, (Mark Ruffalo), solteirão, dono de um restaurante. Os miúdos estão bem? Estão. OU não!! Houve verdade sobre a forma como foram gerados, nada lhes foi escondido na sua educação. Mas o conhecimento do pai …há uma mãe perturbada com a complexidade da sua sexualidade, há uma empatia com o bio-pai (?) por causa desse laço biológico mas confusão sobre como gerir a entrada dele nas suas vidas e se há mesmo vontade de fazer crescer essa relação. Os miúdos estão bem? Sim. Sente-se que foram criados com amor, esse amor que acaba por vencer mal-entendidos e traições. Os miúdos estão bem? Sim. Cresceram numa família que tal como todas as outras não é perfeita nem normal porque a definição desses conceitos é muito flutuante….A questão que se poderá colocar é a de saber se temos o direito de experimentar novos tipos de relacionamento. Mas mesmo que alguns deles me causem alguns pruridos e bastantes interrogações, tenho de admitir que é isso que, enquanto sociedade, temos feito ao longo do tempo.
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Tom e Gerri

Raúl Reis

O filme de Mike Leigh era esperado na Croisette, nos idos de Maio de 2010, como a obra que “poderia salvar um festival aparentemente pobre” ou com um certo desdém por causa de o realizador ser um “habitué” do festival de Cannes. “Ele tem lugar cativo desde que ganhou a Palma em 96”, dizia um crítico que prefere não revelar a sua identidade. Verdadeiramente, Leigh é costumeiro do festival mas não faz parte daquele grupinho de realizadores que levam ao maior festival do mundo todos os seus filmes. “Um Ano Mais” é o quarto filme de Mike Leigh a participar no festival. Os críticos que viram a projecção efectuada no quarto dia de competição falaram de uma obra rica, feita com muita compaixão e perspicácia. Contudo, o tema não podia ser mais simples: “um ano na vida de uma família inglesa bastante normal”. Tom e Gerri são as personagens centrais de “Um Ano Mais”, e o velho realizador escolheu dois dos seus actores-fetiche: Jim Broadbent e Ruth Sheen. O casal tem tudo para ser feliz, mas à volta deles circulam pessoas insatisfeitas. O filho de Tom e Gerri, que não consegue encontrar a mulher da sua vida. Um irmão que vive em plena depressão. Uma colega que esconde a solidão com grandes bebedeiras. E outras personagens que dão muita cor e interesse ao filme. Cada estação do ano constitui um capítulo do filme, que quase não tem argumento propriamente dito. São as personagens que transportam o filme, mais do que a história. É o prazer de as descobrir que mantém o espectador agarrado até ao final. Mike Leigh transforma os pequenos acontecimentos em momentos cruciais, eventos que marcam as frágeis relações entre as personagens. Se a primeira parte do filme pode aborrecer, quem resistir aos primeiros diálogos mais longos – e resultado de improvisação – vai poder usufruir de situações deliciosas: confrontações, discussões e mal-entendidos. Esta última película de Mike Leigh propõe momentos de humor mas também de imensa ternura, assim como de delírio (as cenas em que as personagens estão sob o efeito do álcool). O espectador arrisca-se a chegar ao final com a sensação de ter saboreado um parto de comida chinesa, daqueles agridoces. E tal como na culinária, gostos não se discutem.
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Um Ano Mais, por Tiago Ramos

Tiago Ramos

É bastante provável que, depois de uma vasta carreira de sucessos, Mike Leigh esteja a entregar agora um dos seus melhores e mais interessantes filmes. Recebido com aclamação no Festival de Cannes – era um dos principais candidatos à Palma de Ouro – Um Ano Mais é um curioso objecto cinematográfico que poderá ser um catalisador de reacções em espectros bastante distantes entre si. Mike Leigh sempre apostou numa espécie de realismo social, muito comum no cinema britânico, que desde cedo deu frutos. Começou especialmente desde “High Hopes” (1988), que apanhou o balanço do espírito do cinema independente (foi nomeado aos Independent Spirit Awards; veio a receber ainda mais quatro por outros filmes), mas foi com “Secrets & Lies (1996) e “Vera Drake” (2004) que o cineasta adquiriu o seu estatuto actual. Estes dois últimos filmes valeram-lhe desde nomeações ao Óscar de Melhor Argumento Original e Melhor Realizador, bem como aos prémios BAFTA, César, Goya, Festival de Veneza e até acabar por vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Um Ano Mais é garantidamente um dos seus mais belos filmes, pois faz do realismo o seu apanágio. Uma espécie de ode ao quotidiano, à banalidade da vida de um casal, ao passar do tempo, à vida. Tanto que durante grande parte da história não encontremos um único conflito, a não ser uma sucessão de acontecimentos banais, com maior ou menor grau de caricato, mas sempre na base da neutralidade, acabando por tomar aquela família normal como um microcosmos de todas as famílias. É praticamente inevitável que a dada altura o espectador se identifique com alguma das situações ocorridas durante o filme, porque flui de forma tão natural que é como se estivéssemos a assistir a algo real. O casal protagonista é também ele curioso. Na verdade, estas personagens são anfitriões literais – os convidados em sua casa, ao longo de um ano, sucedem-se – mas também metafóricos, ao servirem de alpondra para que as verdadeiras questões levantadas pelo filme surjam. O casal é puramente retórico durante toda a trama, quando confrontados pelos problemas e excessos dos seus convidados são analíticos na resposta, uma espécie de apoio moral sem nunca opinar verdadeiramente – Gerri é psicóloga/assistente social, daí se pode depreender a atitude. Não quer com isto dizer que as interpretações e o papel de Ruth Sheen e Jim Broadbent na trama, não seja de louvar. Ambos já colaboraram com o realizador em filmes anteriores e o seu carisma e profissionalismo são suficientes para engrandecer todo o filme. Ambos são vistos como “santos”, embora não seja realmente assim – perto do fim encontramos o principal conflito da história – mas funcionam sempre como catalisadores das histórias secundárias. Secundárias, mas não menos importantes. Encontramos ainda em “Um Ano Mais” um das mais seguras e consistentes interpretações do ano – desprezada pela Academia – que se junta ao rol de grandes actrizes e personagens do cinema de Mike Leigh. Lesley Manville, também habitual colaboradora do realizador, consegue aqui um desempenho notável – histérico e contrastante, perfeita composição de alguém em depressão, que oscila entre estados de euforia e momentos mais depressivos, culminando num clímax (ou anti-clímax?) brilhante. Construído de uma forma simples, dividido entre estações do ano – Primavera, Verão, Outono, Inverno – um ciclo interminável, que se inicia com um nascimento e termina com uma morte como que a metaforizar o verdadeiro sentido da vida, Um Ano Mais prima pela fina barreira entre ficção e realidade a que Mike Leigh sempre nos habituou. Sensível, comovente, tocante, natural e simples. Como a vida. A família, a amizade, a alegria, a pena, o amor, o conforto, a solidão, o tempo. É um poema sobre a vida.
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Saber viver

Armindo Carvalho

Mais uma crónica social de bom nível, com uma excelente prestação e direcção de actores.
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Quase obra-prima.

M.Franco

Excelente filme. Retrato de solidões, com actores que conseguem transmitir em olhares e expressões uma cruel realidade. Uma maneira de filmar brilhante.
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