“Hurlyburly”, o título original do filme, significa “barulho, balbúrdia, agitação, barafunda” segundo o dicionário da Porto Editora e não podia ser mais apropriado. Até porque perguntas não faltam ao longo do filme (aquelas que as personagens principais fazem e as que os espectadores vão formulando), mas respostas nem por isso. O que transparece são as diferentes formas de lidar com as mesmas questões. Eddie (Sean Penn) vive junto a Hollywood e é na sua casa que a acção se desenrola, principalmente quando o seu melhor amigo Mickey (Kevin Spacey), com problemas no casamento, se muda para lá. Os dois são empresários do mundo do cinema, mas as semelhanças ficam-se por aí. Enquanto que Mickey é uma personagem calma, que nunca levanta ondas e com um olhar cínico sobre a vida, Eddie é um tipo emotivo, com uma forte ligação às drogas e que gosta de viver no fio da navalha. Depois há ainda Phil (Chazz Palminteri), o psicótico violento com aversão a mulheres que também é amigo de Eddie, e Artie (Garry Shandling), o mordaz, astuto e desesperado actor de Hollywood . “Os Vícios da Cidade” é um filme politicamente incorrecto, inteligente, com diálogos muitas vezes complicados de seguir mas com uma dinâmica imposta por Anthony Drazan que não permite ao espectador desligar-se do ecrã. Em Veneza, Sean Penn recebeu a Taça Volpi para o melhor actor e Drazan recebeu uma nomeação para o Leão de Ouro.

Carla B. Ribeiro (PUBLICO.PT)