A Fonte da Virgem
Título Original
Jungfrukallan
Realizado por
Elenco
Sinopse
Foi com este filme que Bergman se consagrou internacionalmente, "A Fonte da Virgem" recebeu o Óscar na categoria de melhor filme estrangeiro.
Críticas dos leitores
A Fonte da Virgem
Fernando Oliveira
O temor a Deus, e o trágico silêncio deste ensombram muitos dos filmes de Bergman. A morte. Não compreender os seus desígnios, mas aceitá-los porque é "a única maneira que sabemos viver” como diz o pai depois de encontrar o corpo da filha assassinada. Porquê? Porque teve a filha de morrer depois de ter sido violentada? Porque é que Deus permitiu isso, o que o levou depois a matar os dois homens e o rapaz, irmãos, os autores do crime? Como penitência dessas três mortes promete construir, com as próprias mãos, uma igreja em pedra e pintada com cal no local ali mesmo, no lugar aonde a filha foi assassinada. E Deus “responde”: no lugar de onde levantam o corpo da filha, começa a jorrar água, A Fonte da Virgem.
Baseado numa canção do folclore sueco, “A Fonte da Virgem”, de 1960, é um dos filmes mais angustiantes de Ingmar Bergman. Numa Suécia medieval onde o rigor do Cristianismo ainda convive a desordem dos deuses pagãos, duas raparigas, Karin (Birgitta Pettersson) e Ingeri (Gunnel Lindblom), partem numa manhã para entregar velas na igreja da aldeia. Karin é filha de Töre (Max von Sydow), abastado proprietário rural, e Ingeri é uma rapariga que engravidou e foi recolhida como trabalhadora na casa; Karin é a virgem loura, Ingeri é a morena “perdida” aos olhos de Deus e que convoca Odin.
Na viagem as duas separam-se, e Karin vai ao encontro do destino. Os dois homens e o rapaz em fuga encontram refúgio para o frio da noite na casa de Töre, quando é descoberta a verdade, Töre massacra-os. É uma história de violência, e de redenção pelo milagre, milagre que nos aflige, a solidão nunca apaziguada de quem se sente pecador, a incompreensão. A inquietação religiosa de Bergman castiga mas depois santifica Karin pelo milagre, e perdoa a Ingeri (ela que a Odin pediu o mal para Karin).
A dramaturgia, a “escrita” cinematográfica”, a beleza plástica são extraordinários num filme que interroga a vida e a morte (o medo de morrermos, e por isso a religião) olhando para o rosto dos personagens para nos mostrar os tormentos da alma humana. Töre a lutar com uma árvore. Essencial e belo. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
A fonte da Virgem
Ana Guerra Torres
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