O Que Vemos Quando Olhamos para o Céu?

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Drama 150 min 2021 M/12 31/03/2022 Geórgia, ALE

Título Original

Ras vkhedavt, rodesac cas vukurebt?

Sinopse

<div>Lisa e Giorgi esbarram-se por acaso numa rua da cidade de Kutaisi, na Geórgia. Entre ambos surge uma atracção de tal modo intensa que, antes de se afastarem, combinam encontrar-se no dia seguinte. Mesmo sem saberem o nome um do outro, cada um deles passa a noite ansiando pelo reencontro. Mas parece que, por mais que queiram, há algo que insiste em afastá-los.</div> <div>Estreado no Festival de Cinema de Berlim, um filme escrito e realizado por Alexandre Koberidze, com Ani Karseladze, Giorgi Bochorishvili e Giorgi Ambroladze como protagonistas. PÚBLICO</div>

Críticas dos leitores

O que vemos quando olhamos para o céu?

Fernando Oliveira

Kutaizi, Georgia, um passado recente (antes e durante o Mundial de Futebol de 2018), mas que parece “inventado” (até antecipou o titulo para a Argentina). Lisa trabalha numa farmácia e é estudante de medicina, Giorgi é jogador de futebol, tropeçam e voltam a tropeçar um no outro, apaixonam-se nesse mesmo momento, voltam e encontrar-se, combinam um encontro para o dia seguinte num café, uma esplanada junto ao rio que atravessa a cidade; mas nesse momento são também amaldiçoados, nessa noite a suas feições mudam, quando acordam não se reconhecem ao espelho e portanto estão condenados a não se reconhecerem na noite do encontro. Esquecem também tudo o que sabem sobre medicina e sobre futebol, para sobreviverem vão trabalhar ambos para o café onde tinham combinado o encontro. Vêm-se um ao outro, mas não se conhecem, o amor entre eles passa a ser uma memória angustiante. Até que o Cinema vai ao ser encontro… Esta é a história que Aleksandre Koberidze conta em “O que vemos quando olhamos para o céu?”, mas se o realizador nunca abandona os seus dois personagens, deixa que o ritmo da cidade comece a tomar conta do ritmo do filme, e o filme passa a olhar para as pessoas que lá habitam, para todos os “nadas” que definem a vida de todos nós, retrata a vida da cidade. Num filme que assim integra o documentário na ficção, ou o contrário, e que por isso “cai” para o realismo, Koberidze foge, no entanto, dele porque também foge dos diálogos, fala-se muito pouco neste filme, o que nos faz lembrar os primórdios do Cinema, e porque com a história de Lisa e Giorgi instala nele uma fuga para as histórias de encantar. Fala-nos da “mentira” que o Cinema sempre é. E pede-nos quase logo no inicio do filme para “acreditarmos” nessa mentira, pouca vezes um pedido para suspendermos a nossa descrença foi tão bonito quando a voz do realizador (é a “personagem” que mais ouvimos no filme) nos pede para fecharmos os olhos ao um primeiro sinal, e depois abrirmos ao segundo: é o momento em que Lisa e Giorgi se transformam. E se o Cinema é sempre uma “mentira” que nos contam, é o Cinema que faz que Lisa e Giorgi se “reencontrem”. E depois o realizador, a sua “personagem”, abandona-os porque na verdade eles são apenas uma das muitas histórias que a cidade tem para contar. No fim esta “personagem” pede-nos desculpa por causa da esquisitice daquilo que nos acabou de contar, da sua improbabilidade, mas também nos pergunta “porque não?”, no Cinema, e na vida, tudo é possível e tudo pode desaparecer de um momento para o outro. Um filme imenso, encantado, com uma montagem sublime. Um “boy meets girl” como há muito tempo não víamos.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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4 estrelas

José Miguel Costa

Boy meet girl quando, por mero acaso do destino, esbarram na rua. Ambos são, no imediato, atingidos pela seta do cupido, pelo que combinam (sem sequer saberem o nome um do outro) encontrar-se, no dia seguinte, num café da cidade (no decorrer de toda esta cena apenas visionamos as pernas dos dois protagonistas). Contudo, um feitiço, de origem desconhecida, irá transformar a sua fisionomia durante o sono, pelo que ao encontrarem-se no local combinado não se reconhecerão. <br /> <br />E está dado o mote de "O Que Vemos Quando Olhamos para o Céu?", filme da Geórgia coproduzido com a Alemanha, escrito e dirigido por Aleksandre Koberidze, que é uma espécie de conto de fadas contemporâneo de cariz romântico, repleto de realismo mágico e dotado de uma linguagem que nos remete para uma certa ambiência do velhinho cinema mudo. <br />Independentemente de ser filmado de um modo realista (com múltiplos planos contemplativos e "divertidos" - como o supramencionado -, que são um regalo visual), a sua característica distintiva advém do facto de possuir uma narrativa lirica e sobrenatural algo inusitada, e até burlesca, debitada por uma atipica e omnipresente narração em voz off (coadjuvada por uma excepcional banda sonora instrumental, de grande eficácia emocional, que complementa o "não dito"). <br /> <br />Realce-se ainda a magnifica fotografia, que usa e abusa do colorido de aparência sépia.
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Um mundo antigo

Orion

Retrata um mundo estranho ao modo de produção capitalista. As pessoas andam em grupo, está arredada a fobia do sucesso, ocupam-se com actividades estranhas à procura do lucro ganancioso e olham com espanto para o inimigo que se aproxima: a comida fast e as cadeias de Mac Donald´s e afins. O lucro e a ideia que é preciso crescer sempre para continuar no mesmo sítio. O modo de produção feudal não era para brincadeiras - não se produziam focos de alienação mas a estratificação social era clara(rei-suseranos-servos da gleba). Foi bom ver este filme e esquecer o que é a Avenida da República às seis da tarde: milhares de carros com um só ocupante, muita poluição e toda a gente com pressa, pois têm algo de importante a fazer: a procura do lar que dá forças. dizem eles. para obter o sucesso individual. O filme retrata um mundo que será devorado brevemenre. Como, historicamente, sabemos que aconteceu. Começou no século XVII em Inglaterra e ficou com o nome de Revolução Industrial.
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