Mulheres de Ginza

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Drama min 1955 M/12 04/11/2021

Título Original

Ginza no Onna

Sinopse

Ikuyo é a patroa de Shizumoto, numa residência de gueixas que emprega quatro outras mulheres. Todas, em simultâneo, vão revelando as extremas agruras da profissão. Desde a procura frustrada da popularidade nos jornais, passando pelos desejos difusos de maternidade e terminando na desilusão amorosa, as cinco mulheres sobrevivem debaixo do céu incandescente de Ginza, um dos bairros mais abastados de Tokyo. Texto: The Stone and the Plot

Críticas dos leitores

As mulheres de Ginza

Wilson Sunahara

Sublime.

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Mulheres de Ginza

Fernando Oliveira

A História do Cinema, como todas as Histórias, está permanente a ser reescrita, a ser acrescentada. Muito mais por cada um de nós, de cada vez que descobrimos um novo filme antigo. O Cinema clássico japonês é aquele que, provavelmente, mais abanões tem dado na narrativa que o olhar ocidental tem dessa História. Primeiro, na década de cinquenta, através da “descoberta” dos filmes de Kurosawa, Misoguchi, ou Ozu, mais tarde Naruse, até que o nosso contacto com o Cinema japonês (e, também, de todo o Leste da Ásia) se tornou constante. No entanto tudo o que ficou lá para trás continua a proporcionar magnificas surpresas. “Mulheres de Ginza”, de Kôzaburô Yoshimura, é um desses filmes. Estreou há poucos meses em Portugal, integrado num conjunto de três filmes japoneses de 1955, e é uma curiosíssima descoberta de um realizador de quem não conhecia qualquer filme.
É um estudo sobre o estatuto da mulher no Japão do pós-guerra, aonde se confrontam a modernidade ocidental trazida pelos ocupantes americanos e a ancestralidade representada na figura gueixa. E fá-lo desconstruindo essa áurea e essa ambiguidade, mostrando-as como mulheres que existem só para satisfazer os homens, a ideia que envolve o papel das gueixa é uma forma absolutamente misógena de romantizar a prostituição.
Numa casa de gueixa no num bairro de má-fama (?) em Tóquio, Ginza, habitam seis mulheres: a patroa que tem medo de morrer sozinha e que para o evitar “adoptou” um estudante, pagando-lhe as despesas, para depois ele cuidar dela na velhice; uma gueixa que teve um terceiro lugar no concurso Miss Japão, e que não percebe porque é que está a perder clientes; outra que gasta um fortuna na lotaria para poder proporcionar riqueza a um filho que raramente vê; e a quarta que fugiu de um casamento com um homem muito mais velho; há ainda a criada e uma miúda que foi vendida pela família, para poderem comprar uma vaca, para aprender os códigos da profissão. Há mais mulheres no filme, os homens estão em segundo plano, mas sempre “presentes”. O que Yoshimura filma é quase só estas mulheres à espera. À espera de qualquer mudança e à espera dos homens, dos clientes.
Há um incêndio que destrói a casa, e o filme resolve-se numa ambiência trágico-cómica. No final tudo acaba bem, tudo acaba na mesma: as prostitutas continuam a se prostitutas; os pobres continuam pobres; e os homens, coitados, continuam a carregar o peso terrível da derrota na Guerra.
O filme mostra uma inteligente desenvoltura formal; e lembra bastante os olhares de Mizoguchi sobre as mulheres no Japão, mas o resvalar constante para o riso “azedo”, pese a tragicidade daquelas vidas dá-lhe um sabor de originalidade.
Magnifica descoberta. E que nos leva a perguntar quantos filmes existirão que se os conhecêssemos mudariam a nossa, e a dos outros, História do Cinema.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")

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