Podem ser muito bonitos os filmes assim: aqueles que querem apenas contar uma história, que são apenas competentes na sua forma, naquilo que é Cinema, que sabem ir buscar aos actores a qualidade essencial de conseguirem tornar a ficção dos seus personagens na sua realidade. Mesmo que muita vezes a ficção dos filmes seja quase só a ficção dos seus actores continua a ser muito bonito, são filmes com gente dentro.
“Summerland”, a primeira longa-metragem de Jessica Swale é um filme assim: uma história, que foi escrita pela realizadora, que nos cativa pela sua sincera simplicidade, pela sua verdade; que se não nos impressiona como Cinema, também não complica; e com uma interpretação exaltante de Gemma Arterton; um filme que nos emociona e nos deixa felizes. Fazem falta filmes assim.

Durante a II Guerra Mundial os filhos de pessoas envolvidas no esforço da guerra eram enviadas para o campo para ficarem ao cuidado de famílias que se ofereciam para as acolher. Alice (Gemma Arterton) é uma mulher que vive só numa casa junto ao mar e que escreve um livro sobre o folclore e as lendas locais; na vila não gostam dela e chamam-lhe bruxa e nazi. Um dia ao chegar a casa é surpreendida por uma mulher que lhe entrega um rapaz para ela acolher. Ela resiste a empatizar com o rapaz, Frank (Lucas Bond), mas pouco a pouco a relação entre os dois vai crescendo enquanto aprendem a conhecer-se.
Alice é uma mulher triste, no passado amou e foi amada por uma mulher, Vera (Gugu Mbatha-Raw), que a abandonou porque preferiu ser mãe a viver o amor das duas. Enquanto nos é contado a história de Alice e Frank, a realizadora mostra-nos pequenos momentos do passado entre as duas mulheres. Alice nunca esqueceu esse amor, e a amargura do seu desfecho habita-a e afastou-a das pessoas. A relação com Frank vai dar-lhe um novo ânimo.

Na véspera do aniversário deste recebe a notícia da morte do pai dele. Adia dar-lhe a noticia, e os acontecimentos "explodem" de forma avasaladora.
E do passado, o seu amor de sempre regressa à vida de Alice.
Não é um filme extraordinário, mas é um filme muito bonito e que nos comove. Tem lá dentro personagens que se parecem connosco.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")

Sensibilidade, beleza visual do princípio ao fim. <br />A sensibilidade e inteligência femininas, ao máximo, no tratamento invulgar de um tema ainda polémico.

"Amo-te" e "obrigado" são, quiçá, as duas palavras mais poderosas que a humanidade dispõe, para o melhor e pior. <br />Com base nesta simples narrativa o filme transmite que se deve lutar contra quaisquer barreiras para a melhor aplicação dessas palavras. <br />De melhor, saliento a atuação de Gemma que atribui à personagem Alice uma irreverência sui generis. <br />De somenos, a música (de preferência clássica) podia ter emergido em mais momentos do filme para intensificar sobretudo o lado dramático da história.