O Poder da Palavra

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Comédia Dramática 95 min 2017 M/12 14/03/2019 FRA, BEL

Título Original

Le Brio

Sinopse

<p>Neïla (a estrela pop Camélia Jordana), de origem argelina, decide tornar-se advogada, inscrevendo-se para isso na Universidade Panthéon-Assas, em Paris. Um dia, chega atrasada à aula de Pierre Mazard, um controverso professor, e este repreende-a fortemente, com recurso a insultos racistas. Isso leva a que os colegas de Neïla se queixem à direcção. O presidente da universidade obriga Mazard a treinar a aluna que maltratou para uma competição de oratória.<br /> Uma comédia dramática de Yvan Attal ("...E Viveram Felizes para Sempre"), o também actor nascido em Israel que durante alguns anos foi dobrador dos papéis de Tom Cruise em francês. PÚBLICO</p>

Críticas dos leitores

A nova e a velha França

Pedro Brás Marques

De há uns anos a esta parte, a França tem enfrentado sérios problemas sociais, muitos deles relacionados com diferenças culturais e religiosas por via da entrada de emigrantes, em especial os provenientes do “mundo árabe”. O cinema tem estado atento sobre o fenómeno e apresentado algumas leituras, como “O Ódio” de K. Kassowitz, “La Marche” de Nabil Ben Yadir ou o mais subtil “A Turma” de Laurent Cantet, desaguando agora neste “O Poder da Palavra”, de Yvan Attal. <br /> <br />Pierre Mazard é um dos eméritos professores da universidade parisiense Panthéon-Assas, onde lecciona no curso de Direito. As suas aulas têm uma larga assistência, o que não o impede de proferir inconveniências e comentários despropositados. É o que acontece quando Neila, uma jovem de origem argelina, chega atrasada e Mazard procura humilhá-la perante todos, chegando a proferir comentários xenófobos e racistas. O episódio aterra na Direcção, não por queixa da aluna mas de colegas, e o professor é obrigado a fazer uma via sacra: em troca de não ser imediatamente demitido terá de dar aulas individuais de retórica e eloquência a Neila, por esta ser a representante da universidade nos concursos nacionais da área. Como se depreende, obrigados a conviver, da desconfiança e antipatia iniciais a relação vai evoluindo e a confiança crescendo, dia após dia, prova após prova, até um dia… <br /> <br />Não é preciso recorrer a uma lupa para se perceber que o professor representa a França retrógrada e nacionalista, desconfiada dos “estrangeiros”, enquanto Neila é o símbolo do emigrante com valor, que se procura integrar, mas para quem a palavra “égalité” ainda só é uma miragem e que nutre profunda desconfiança face aos anfitriões franceses. Percebe-se a intenção do realizador Yvan Attal, ele próprio um israelita a viver em Paris, de tentar demonstrar que é possível construir pontes entre margens opostas e que talvez a origem do problema, leia-se “medo”, seja o desconhecimento face ao "outro". É uma simplificação exagerada de um problema complexo, mas o resultado global não desmerece. Com efeito, Attal constrói um filme surpreendentemente leve, com momentos divertidos e bem conseguidos, sem se deixar escorregar para soluções fáceis nos momentos complicados, conseguindo fazer passar a ideia da possibilidade de entendimento e harmonia, basta que as partes envolvidas assim o desejem. É claro que “O Poder da Palavra”, por uma vez um excelente e plurissignificativo título português perante o original "Le Brio", só funciona por via do brilhantismo dos dois pólos dramáticos, interpretados pelo veterano Daniel Auteil, no papel do genial mas cínico e arrogante professor Mazard, e pela rapper Camelia Jordana, surpreendente a dar vida à resistente Neila, o que lhe valeu o César actriz revelação.
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Redenção ou manipulação

Raul Gomes

Ou como superar os traumas do racismo do mentor, aproveitando-se ambos, para nas suas provocações e controvérsias, atingirem os seus objectivos díspares e altamente preconceituosos. <br />Filme interessante, inteligente, por vezes demasiado palavroso para se poder acompanhar mentalmente. Filme de palavras, com o seu poderoso poder.
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