As Irmãs Macaluso

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Drama 89 min 2020 01/12/2021 ITA

Título Original

Le Sorelle Macaluso

Sinopse

<div>Maria, Pinucia, Lia, Katia e Antonella Macaluso são irmãs e vivem no último andar de um prédio da periferia de Palermo (Itália). Este filme acompanha as suas vidas ao longo do tempo, desde a infância à velhice, com todos os eventos, felizes ou trágicos, que vão acontecendo pelo meio e que vão alterando, aos poucos, as suas personalidades. </div> <div>Em competição na 77.ª edição do Festival de Cinema de Veneza, um filme dramático realizado e escrito por Emma Dante, que tem por base a peça homónima escrita por si em 2014. PÚBLICO</div>

Críticas dos leitores

O Arco da Vida

Pedro Brás Marques

Há filmes assim, com uma densidade dramática tão intensa, com um simbolismo tão poderoso, que se torna difícil "desligar", muito depois do fim.

São cinco as irmãs Macaluso: Maria, Pinucia, Lia, Katia e Antonella. Quando as conhecemos, são órfãs, terão entre 18 e 5 anos, vivem autonomamente num apartamento em Palermo, em frente ao mar, e sobrevivem do aluguer de pombas brancas para casamentos e eventos, por via dum enorme pombal situado no terraço. Aparentam ser felizes, mas, numa ida à praia, Antonella tem um acidente e morre. Vamos, depois, encontrá-las já mulheres, amando-se e detestando como é próprio de irmãs, e onde a ferida deixada pela memória da desaparecida continua completamente aberta. Finalmente, aparecem as quatro já idosas, girando à volta dos objectos e das memórias, sempre com enfoque em Antonella.

Estamos, portanto, perante um drama familiar que atravessa o tempo mas permanece quase sempre no mesmo espaço. Isto porque a vida no exterior, a luz brilhante e a alegria contagiante (veja-se a dança na praia) que ilustra a vida das irmãs no tempo pré-tragédia, sofre uma mudança brutal após o acidente. A acção passa a centrar-se mais no interior do apartamento, a escuridão invade o espaço e a degradação estrutural vai aumentando. Ou seja, Emma Dante faz sincronizar o evoluir do estado de espírito das irmãs com o estado físico do lar. Mas o extraordinário trabalho da realizadora e dramaturga, autora da peça original, vai muito mais longe, enriquecendo o filme com imagens duma riquíssima simbologia. Começa logo no início, com as irmãs a fazerem um buraco redondo numa parede, com o uso dum pau, em movimentos ritmados… Depois, a reverberação do pombal, onde as pombas (brancas…) estão aprisionadas. As visões do corpo de uma das irmãs, sucessivamente novo, maduro e velho, com o tal eco no estado do apartamento, tudo ingredientes do sentido maior do filme, que é a o de materializar as três grandes etapas da viagem existencial de cada ser humano. E atente-se noutra simbólica, a do número cinco, representando a força (os dedos de cada mão que, juntos, são fortes; as cinco extremidades do corpo; o pentágono e o pentagrama, etc…) e cuja perda dum elemento, Antonella, faz ruir esse poder. No final, o que é que sobra? Memórias, objectos e sombras mesmo antes da libertação final, pela morte. O momento das pombas brancas levantarem voo…

Se a história, riquíssima, é maravilhosa, seria injusto esquecer a extraordinária fotografia que a ilustra, bem como uma realização que não cede à efemeridade e a uma estética vazia, mostrando a existência das irmãs (e do quarto…) na sua plenitude, entre a beleza e o grotesco. “As Irmãs Macaluso” é muito mais do que uma história de família, é um verdadeiro retrato da condição humana, lugar onde convivem a alegria e a tristeza, a dor e o prazer, a derrota e a vitória, a luz e a escuridão, a vida e a morte.

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4 estrelas

José Miguel Costa

O filme "As irmãs Macaluso", da cineasta italiana Emma Dante, é um drama familiar exclusivamente feminino, dividido em três capitulos, que acompanha diferentes fases da vida (infância, idade adulta e velhice) de cinco irmãs, que vivem sozinhas, rodeadas de pombos brancos, no último andar de um apartamento dos arredores de Palermo (local onde decorre a quase totalidade da acção, e que pode ser quase percepcionado como a sexta personagem omnipresente, já que os sinais visiveis da sua degradação gradativa funcionam como uma metáfora às cicatrizes irreparáveis que o tempo impingiu ao quinteto, sobretudo após a ocorrência de uma tragédia que mudou irremediavelmente as suas dinâmicas relacionais). <br /> <br />A força/beleza desta obra reside não tanto no conteúdo da história que relata, mas na forma como a transmite, através de uma poética simbologia pictórica (que fotografia de excelência!) e de uma inteligente sequência de "coreografias" não verbais, tranformando-a, desse modo, numa espécie de (emotiva) fábula de (des)encantar.
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Lá dentro inquietação

João

Primeiro cativa-nos com um pouco de beleza, para logo nos inquietar, nos perturbar, nos destroçar juntamente com a família de mulheres que vê a vida fugir, ser sempre pior. Sentimos como as nossas vidas passam, os objetos permanecem, mesmo partidos, e como isso é triste. Não é um filme “divertente”, mas é diferente a sabe deixar-nos na inquietação até ao fim. Sai-se com um certo desconforto, mas com vontade de exorcisar o trágico da nossa vida quotidiana.
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