À Sombra das Jovens Raparigas Húmidas
Título Original
Kaze ni nureta onna
Realizado por
Elenco
Sinopse
Kosuke, um dramaturgo, isola-se do mundo em geral, deixando para trás os casos românticos com mulheres para ir viver sozinho para o meio da floresta. Só que nem tudo é simples: por lá, encontra alguém que quer dormir com ele – um avanço que ele rejeita. Num ambiente muito "roman porno", este filme de Akihiko Shiota foca-se na atracção entre os dois. PÚBLICO
Críticas dos leitores
Wet woman in the wind
Fernando Oliveira
Os roman porno foram criados pelo estúdio japonês Nikkatsu em 1971 simplesmente como uma forma de adiar a falência anunciada. Se a desesperada situação económica do estúdio levou à saída de grande parte dos realizadores contratados, os menos conhecidos, os assistentes de realização, continuaram por lá a trabalhar.
O género, que o estúdio produziu quase em exclusividade a partir desse ano, tinha regras bastantes simples: pouco dinheiro para gastar, poucos dias de rodagem, duração curta e muitas cenas de sexo (longe da pornografia – a lei japonesa censura toda a exposição explicita do sexo). Seguindo estas regras, o realizador tinha liberdade criativa total. Esta liberdade junta com os ares do tempo, os confrontos sociais que caracterizaram a época no Japão e no Mundo permitiram que os roman porno fossem não só objectos para voyeuristas mas também muitas vezes fascinantes exemplos de Cinema.
A produção durou até 1988, mas em 2016 a Nikkatsu, entretanto reestruturada, resolveu comemorar o 45º aniversário do género convidando uns tantos autores para voltarem a abordar o género. Um ciclo no Nimas hà um par de anos deu-nos a conhecer alguns exemplos clássicos e também cinco filmes de 2016. “Wet woman in the wind” de Akihiko Shiota é um desses filmes.
A história de um actor e dramaturgo que abandona tudo e vai viver isolado na floresta e que é perseguido por uma mulher que o acossa para ele fazer sexo com ela é uma delirante comédia que em muitas situações me recordou Hawks. Por causa das “lutas” de sedução entre um homem e mulher que pontuam muitos dos seus filmes (e a “dança” final antes de se entregarem um ao outro” está coreografada como um duelo nos westerns), mas também do niilismo que encharca o filme que faz lembrar as suas comédias. O absurdo como regra narrativa.
O que é muito bonito de ver é a liberdade formal que o caracteriza, que sobressai dentro do rigor das coreografias dos embates entre os personagens. E a liberdade narrativa que acaba por levar o filme para o fantástico. A subversão a definir o género.
Curiosíssima descoberta.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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