A Pior Pessoa do Mundo

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Comédia Dramática 127 min 2021 M/14 10/02/2022 SUE, DIN, FRA, NOR

Título Original

Sinopse

Apesar de estar quase a fazer 30 anos, Julie ainda não sabe o que quer. Quando o namorado, mais maduro e ponderado, lhe diz que pretende dar um passo em frente na relação, ela fica perdida. Sentindo-se como mera “espectadora da sua própria vida”, resolve testar os limites e experienciar uma série de coisas antes de tomar decisões definitivas. Este filme segue-a num longo percurso de autodescoberta e de busca de um sentido para a sua existência.
Quinta longa-metragem de Joachim Trier, depois de “Reprise” (2006), “Oslo, 31 de Agosto” (2011), “Ensurdecedor” ( 2015) e “Thelma” (2017), “A Pior Pessoa do Mundo” esteve em competição no Festival de Cinema de Cannes, onde Renate Reinsve recebeu o prémio de melhor actriz. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Se a geração Z encontrasse a nouvelle vague (o filme era outro)

Luís Miguel Oliveira

É um filme “inteligente” ou “calculista”?, perguntamos genuinamente sobre um dos candidatos ao Óscar do Melhor Filme Internacional: A Pior Pessoa do Mundo.

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Críticas dos leitores

A pior pessoa do mundo

Fernando Oliveira

“Uma personagem secundária na sua própria vida”, é assim que se sente muitas vezes Julie, mulher perto dos 30 anos nunca soube muito bem o quer da vida, na universidade saltitou entre cursos, nos relacionamentos também não se deixa apegar. Até que conhece Aksel, mais velho que ela, é autor de banda desenhada, vai viver com ele. Mas continua a sentir que não faz parte do mundo que a rodeia, o mundo dele. Uma noite, depois de abandonar uma festa onde está com Aksel, invade uma festa de casamento. Lá conhece Eivind, e é lindíssima a “dança” que os dois dançam, a dança do “isto não é traição”. Salto para a frente de Julie, é também muito bonita a imersão no fantástico quando o filme suspende o tempo na correria de Julie pala cidade de Oslo ao encontro de Eivind. Julie deixa Aksel e inicia uma relação com Eivind, perceberá depois que as escolhas que fazemos deixam coisas irremediavelmente para trás. As personagens nos filmes de Trier são quase sempre assim: têm dificuldade em relacionarem-se com os outros, muitas vezes parecem estar até “fora” da história, mas esse distanciamento traz um sentir intimista que nos toca profundamente; Julie comete erros, decide ora bem ora mal, hesita quando não deve hesitar, vai em frente quando devia parar para pensar, faz escolhas erradas como todos nós, vive portanto, e isso não faz de ninguém a pior pessoa do mundo. É verdade que Trier sublinha talvez demais o mal-estar das sociedades urbanas nos dias de hoje - a solidão, a perda de referências (Aksel que lamenta o mundo digital, o facto de já não vivermos no meio das coisas, dos discos, dos filmes, até dos livros), a angústia, a insatisfação que não conseguimos saciar - algumas vezes abusando do óbvio; mas esta narrativa dividida em doze capítulos, um prólogo e um epilogo, sobre quatro anos da vida de uma mulher que se vai descobrindo a si própria numa deriva que parece anárquica, mas que é geometricamente circular (o final…), é um espantoso filme que não nos deixa sossegar, corajoso nas formas que Trier escolhe para a contar, e com uma actriz magnifica, Renate Reinsve. Como a personagem, o filme é belo mesmo nas suas imperfeições. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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A Pior Pessoa do Mundo

António Ferreira

Saí perturbado da sala, mas no bom sentido, porque num qualquer momento na nossa vida fomos a pior pessoa do mundo.

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Leveza

Maria

Não foi de facto a pior pessoa do mundo. <br />Filme suficiente, mas falta muito...
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Nota Artística

Pedro JP

Um filme com uma narrativa muito bem conseguida e com um excelente encadeamento cinematográfico. Diálogos bastante profundos e que nos deixem a reflectir sobre o "sentido da vida" ou "os sentidos da vida".

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Um Assombro: Genial!

Paulo Graça Lobo

Os olhares, os Silêncio, a luz e a sua ausência nos rostos. Genial.

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Ver os barcos passar...

Pedro Brás Marques

No final de “A Pior Pessoa do Mundo”, recordei-me daquela anedota clássica em que um homem muito religioso se recusava a abandonar a sua casa apesar da cheia que se aproximava. Quando o nível da água chegou aos joelhos, apareceu uma jangada com populares que o convidam a seguir com eles. O homem agradeceu, respondendo “Deus irá salvar-me”. Quando o nível atingiu a cintura, surgiu um barco, mas ele homem manteve a resposta. Quando a água chegou ao queixo, passou um helicóptero, mas ele manteve a sua resposta divina. O homem morreu afogado e, ao chegar ao céu, reclamou com Deus. “Então, abandonaste até à morte um homem de tanta fé como eu?”. E Deus responde-lhe “Enviei-te uma jangada, um barco e um helicóptero. Que mais querias que fizesse?”
É claro que, neste filme norueguês, há matizes a ter em conta. Conhecemos Julie ainda jovem, no final da adolescência, aquando da sua entrada na Universidade e vamos acompanhando o seu percurso, o profissional e o pessoal, até àquele ponto em que não há dúvida de que atingiu a idade adulta. Quando a vemos pela primeira vez, somos informados de que é uma brilhante aluna de medicina. Logo depois, muda para psicologia para, em seguida, saltar para fotografia, acabando a trabalhar numa livraria. Vai tendo uns romances, incluindo com professores, até conhecer Aksel, autor de banda desenhada, com quem passa alguns anos até se apaixonar por Eivid, e onde a sua ideia sobre maternidade oscila entre a rejeição e o desejo. Ou seja, Julie tem imensas oportunidades de ser feliz, mas acaba sempre por a rejeitar, porque o que recebe não a preenche, ou acha que pode encontrar melhor. É este estado de insatisfação que a torna “a pior pessoa do mundo”? Claro que não, até porque essa expressão norueguesa é enganadora, pois significa algo como “as coisas podiam ter sido diferentes”… Na verdade, é a falta de decisão, por imaturidade ou por opção, que acaba por prejudicar não só a vida da própria como das que com ela interagem. Não é o fim, mas certamente que poderia ter seguido um outro caminho, talvez menos aventuroso e destemido, mais clássico e “seguro”. Mas a irreversibilidade temporal é uma condição existencial e até o Tony de Matos pedia, sem sucesso, que o tempo voltasse para trás…
Joachim Trier ilustra maravilhosamente o percurso de Julie. É claro que o belo e luminoso rosto de Renate Reinsve bem como a sua atitude descontraída e graciosa, são uma enorme ajuda, insuflando sensualidade e romantismo no filme, mas a qualidade do trabalho do norueguês é inquestionável. Atente-se nas cenas de interior, duma leveza desconcertante mesmo quando os temas são pesados. E que dizer da atmosfera das cenas de exterior, como a inicial, com as costas nuas de Julie ao por do sol, ou a evocação infantil da memorável cena do esparguete de “A Dama e o Vagabundo” mas agora com fumo de tabaco, sem esquecer a maravilhosa e fluida corrida de Julie por Oslo, qual cisne a deslizar pelas ruas da cidade….
Um belíssimo filme, saltitando entre a comédia e o drama tal qual uma vida qualquer, que nos é apresentado em doze capítulos, com um prólogo e um epílogo. Como se fossemos convidados a ir desfolhando a vida da protagonista, caso se ela fosse compartimentada, quando, na verdade, há um todo, homogéneo e coerente. Que efectivamente podia ter sido outra coisa…

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Ver os barcos passar...

Pedro Brás Marques

No final de “A Pior Pessoa do Mundo”, recordei-me daquela anedota clássica em que um homem muito religioso se recusava a abandonar a sua casa apesar da cheia que se aproximava. Quando o nível da água chegou aos joelhos, apareceu uma jangada com populares que o convidam a seguir com eles. O homem agradeceu, respondendo “Deus irá salvar-me”. Quando o nível atingiu a cintura, surgiu um barco, mas ele homem manteve a resposta. Quando a água chegou ao queixo, passou um helicóptero, mas ele manteve a sua resposta divina. O homem morreu afogado e, ao chegar ao céu, reclamou com Deus. “Então, abandonaste até à morte um homem de tanta fé como eu?”. E Deus responde-lhe “Enviei-te uma jangada, um barco e um helicóptero. Que mais querias que fizesse?”
É claro que, neste filme norueguês, há matizes a ter em conta. Conhecemos Julie ainda jovem, no final da adolescência, aquando da sua entrada na Universidade e vamos acompanhando o seu percurso, o profissional e o pessoal, até àquele ponto em que não há dúvida de que atingiu a idade adulta. Quando a vemos pela primeira vez, somos informados de que é uma brilhante aluna de medicina. Logo depois, muda para psicologia para, em seguida, saltar para fotografia, acabando a trabalhar numa livraria. Vai tendo uns romances, incluindo com professores, até conhecer Aksel, autor de banda desenhada, com quem passa alguns anos até se apaixonar por Eivid, e onde a sua ideia sobre maternidade oscila entre a rejeição e o desejo. Ou seja, Julie tem imensas oportunidades de ser feliz, mas acaba sempre por a rejeitar, porque o que recebe não a preenche, ou acha que pode encontrar melhor. É este estado de insatisfação que a torna “a pior pessoa do mundo”? Claro que não, até porque essa expressão norueguesa é enganadora, pois significa algo como “as coisas podiam ter sido diferentes”… Na verdade, é a falta de decisão, por imaturidade ou por opção, que acaba por prejudicar não só a vida da própria como das que com ela interagem. Não é o fim, mas certamente que poderia ter seguido um outro caminho, talvez menos aventuroso e destemido, mais clássico e “seguro”. Mas a irreversibilidade temporal é uma condição existencial e até o Tony de Matos pedia, sem sucesso, que o tempo voltasse para trás…
Joachim Trier ilustra maravilhosamente o percurso de Julie. É claro que o belo e luminoso rosto de Renate Reinsve bem como a sua atitude descontraída e graciosa, são uma enorme ajuda, insuflando sensualidade e romantismo no filme, mas a qualidade do trabalho do norueguês é inquestionável. Atente-se nas cenas de interior, duma leveza desconcertante mesmo quando os temas são pesados. E que dizer da atmosfera das cenas de exterior, como a inicial, com as costas nuas de Julie ao por do sol, ou a evocação infantil da memorável cena do esparguete de “A Dama e o Vagabundo” mas agora com fumo de tabaco, sem esquecer a maravilhosa e fluida corrida de Julie por Oslo, qual cisne a deslizar pelas ruas da cidade….
Um belíssimo filme, saltitando entre a comédia e o drama tal qual uma vida qualquer, que nos é apresentado em doze capítulos, com um prólogo e um epílogo. Como se fossemos convidados a ir desfolhando a vida da protagonista, caso se ela fosse compartimentada, quando, na verdade, há um todo, homogéneo e coerente. Que efectivamente podia ter sido outra coisa…

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3 estrelas

José Miguel Costa

O filme "Oslo, 31 de Agosto" (2011) implicou paixão cinéfila instantânea pelo realizador norueguês Joachim Trier. Posteriormente, o morno drama familiar mainstream "Ensurdecedor" (2015) fez estremecer a relação, mas o enigmático sobrenatural "Thelma" (2017) reacendeu-nos a chama.
Todavia, "A Pior Pessoa do Mundo" (também com argumento do próprio) coloca-nos novamente à prova, dado tratar-se de uma comédia romântica que, por vezes, roça as fronteiras do "light", apesar de condimentá-la com múltiplos (excelentes) pózinhos indie, sobretudo ao nível da linguagem crua/irónica utilizada nalguns diálogos e das opções de imagem (filmagem com constantes movimentos fluidos de câmara e inserção de magníficas cenas slow motion e em banda desenhada).

Julie (Renate Reinsve, prémio de interpretação feminina em Cannes), que acompanharemos em constante mutação, sem rumo pré-definido, ao longo de um período de 4 anos (divididos em 12 capítulos, mais um prólogo e um epilogo), conduzidos por uma omnipresente narração em voz off, não é a pior pessoa do mundo (de todo!).
É somente uma bonita millenium hiperindividualista/narcisica e independente (que salta, sem remorsos, entre casos amorosos fugazes e trabalhos temporários), mas (muito) indecisa sobre as suas pretensões futuras, sentindo-se algo condicionada por aproximar-se de uma idade (limiar dos 30 anos) em que a pressão da sociedade lhe impinge a necessidade de "assentar".

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