Ilusões Perdidas

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Drama, Histórico 139 min 2021 M/12 20/01/2022 FRA, BEL

Título Original

Illusions perdues

Sinopse

Século XIX. Lucien Chardon, um jovem aspirante a escritor, deixa a sua cidade de província e chega a Paris depois de ter sido implicado num escândalo amoroso que envolveu uma mulher mais velha. Na cidade-luz, julga ter o mundo aos pés... Até perceber que, ali, a vida rege-se por regras diferentes, sendo dominada pela devassidão, pelo dinheiro e pela sede de poder. Desiludido com as dificuldades em ser aceite na comunidade literária parisiense, Lucien tenta a sua sorte no jornalismo, uma área rendida à corrupção, na qual consegue ser bem-sucedido e que lhe servirá como arma de vingança.
Estreado no Festival de Cinema de Veneza, este drama de época tem assinatura de Xavier Giannoli (“Uma Aventura“, “Quand j'étais Chanteur”, “Marguerite”) e conta com actuações de Benjamin Voisin, Cécile de France, Salomé Dewaels, Gérard Depardieu, Jeanne Balibar e Xavier Dolan. A história adapta a segunda parte da obra homónima de Honoré de Balzac (1799-1850), que o escritor dividiu em três partes e que faz parte da sua “Comédia Humana”. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Com Balzac no corpo

Vasco Câmara

Uma intuição de casting, um colectivo de actores com o texto de Balzac no corpo, ajuda Xavier Giannoli a transcender o filme de época e a chegar ao seu melhor.

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Críticas dos leitores

Magnífico espectáculo

Nazaré

Mais um filme de época baseado num romance famoso? Nada disso: muito melhor que "mais um", e apesar do dito romance (homónimo) ser o que alguns conhecedores consideram o melhor de todos os que Balzac escreveu — o que é um verdadeiro top of the pops para a literatura — este foi um romance maldito, por pôr tão a nu a sociedade parisiense. Os bem-pensantes espirraram com o calafrio e a consagração foi para outras obras. Mas o texto, narrado pelo canadiano e grande cineasta Xavier Dolan (enquanto Nathan), é duma beleza suprema e duma profundidade provocante, sem perder minimamente 'l'esprit' bem francês. E a base principal e verdadeiro motor deste filme é apenas a segunda parte do tríptico do romance original (de resto, a mais incómoda), sendo por isso uma adaptação livre onde, parece-me, se vão buscar algumas partes doutros da Comédie Humaine. E onde se omite a 'personagem' do Cenáculo, importante no original. Mas, diga-se, que adaptação tão inteligente, que liberdade dentro da fidelidade, que transporte no tempo! Quem não viu que se arrependa.

O protagonista Lucien é um meteoro que passou pelas vidas das personagens recorrentes da Comédie Humaine. Deve ter muito de autobiográfico do ex-jornalista Honoré de Balzac, com a sua mistura de talento com oportunismo, ambição, arrogância jovem, idealismo flexível e romantismo. Que nos mostra como para ser parisiense é preciso nascer parisiense, e perder com isso toda a capacidade de observar esta comédia da capital francesa dos anos 1820 (e de todos os tempos, diria), mas sobreviver-lhe muito mais facilmente. Benjamin Voisin é uma escolha impecável, e tudo o resto mostra a que ponto estão a ser epidérmicas estas reconstituições do passado. Magnífico, pois.

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4 estrelas

José Miguel Costa

O realizador francês Xavier Giannoli agarra pelos cornos a obra de um monstro da literatura gaulesa (Balzac) e "transforma-a" em Ilusões Perdidas. Um drama histórico que, apesar da sua acção remontar à Paris do século XIX, apresenta-se-nos com uma contemporaneidade avassaladora, por abarcar temáticas que permitem extrair reflexões/efectuar comparações pertinentes com maleitas que também nos corroem na actualidade, nomedamente a corrupção e a expansão de fake news, nos jornais, com o intuito de manipular politicamente o povo (bem como por, a nivel artistico, prescindir de um classicismo barroco excessivo que, por norma, caracteriza este género cinematográfico).

Lucien (encarnado por Benjamin Voisin que, com apenas 25 anos, é dono de uma tal expressividade e carisma natural que os seus préstimos já são requisitados por grandes mestres da sétima arte do seu país, como Ozon e Techiné) é um humilde jovem idealista, e virtuoso na arte da escrita, que abandona a provincia rumo à cidade da luz e da ostentação (acompanhado por uma aristocrata rural, com a qual mantém uma relação amorosa secreta), com o objectvo de ascender socialmente e singrar enquanto poeta.
No entanto, a coisa irá correr para o torto (e sabemo-lo desde o inicio, por menção da própria narração em off, que nos guiará, de modo constante, ao longo de todo o filme), fruto do abandono (forçado) por parte da sua protectora e da competitividade/agressividade desonesta dos seus pares do mundo das letras (que não passam de traficantes de palavras, que se vendem sem qualquer pudor a quem mais lhes oferecer, estando-se nas tintas para a verdade artistica e/ou jornalistica).
Desse modo, cedo perde a sua ingenuidade campreste, e deixa-se contaminar pelo desejo vingança e pela avareza, tornando-se num temido e respeitado critico jornalistico, o que lhe granjeará múltiplos inimigos, que irão empurrá-lo para o abismo.

Realçe-se o distinto requinte desta obra ao nivel da fotografia e dos seus enquadramentos que captam subtilmente os olhares furtivos, as provocações silenciosas e "tudo o mais que não é dito".
E obviamente o carácter multifacetado das suas personagens interpretadas, para além do genial Vioson, por uma constelação de estrelas, de entre as quais se destacam Vincent Lacoste, Gérard Depardieu, Xavier Dolan e Cécile de France.

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