O Filme de Oki

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Comédia Dramática 80 min 2010 M/12 07/01/2021 Coreia

Título Original

Ok-hui-ui yeonghwa

Sinopse

Composto em quatro partes, mostra diferentes momentos na vida e diferentes perspectivas de três personagens que formam um triângulo amoroso: Song, um realizador veterano, agora professor, Jingu, um realizador mais novo e Oki, uma atraente estudante de cinema.

Críticas dos leitores

O filme de Oki

Fernando Oliveira

Nos filmes de Hong os homens são sempre um pouco ridículos, quase sempre por causa da insegurança que sentem junto às mulheres com quem se relacionam, e bebem que se fartam o que os torna ainda mais ridículos e inseguros. As mulheres também demonstram algum mal-estar mas são sempre mais seguras a lidar com isso. <br />“O filme de Oki”, que Hong Sangsoo realizou em 2010 e que estreou em Portugal este ano aquando da estreia de “A mulher que fugiu”, conta a estória um triângulo amoroso entre dois alunos de uma escola de Cinema (ela é Oki, ele é Jin-goo, mais tarde já realizador e também professor na mesma escola) e um professor dos dois (Song), e nela os dois homens são assim (inseguros, e bebem muito); e ela? Ela é Oki e nomeia o filme. <br />O filme está dividido em quatro partes, três são deles, a quarta parte é dela. Em “Um dia de encantar” Jin-goo é já um realizador, dá aulas na escola aonde estudou, é casado com outra mulher que não Oki e não parecem ser muito felizes, e o dia é tudo menos um dia bom: embebeda-se; confronta Song, agora colega, sobre dinheiro indevidamente usado; numa exibição de uma curta-metragem sua é questionado sobre uma antiga relação que não acabou bem. O tempo recua em “O rei do beijo”; Jin-goo é agora estudante, passa o dia beber e está perdidamente apaixonado pela sua colega Oki; o dia também corre mal, Oki rejeita-o (saberemos que acabou de terminar uma relação com um homem mais velho); não ganha o prémio de melhor filme entre os os seus colegas de curso; mas, a bebedeira dá-lhe sorte, passa a noite bêbado à porta da casa de Oki, e ela de manhã convida-o para entrar; fazem sexo. Em “Depois da tempestade de neve” o tempo volta a recuar, Oki e Jin-goo são os únicos alunos a assistir a uma aula do professor Song, perguntam-lhe sobre questões da vida; por esta altura já percebemos que Song irá ser “o homem mais velho” da vida de Oki. <br />O quarto segmento é “O filme de Oki”; ela mostra-nos o seu filme, e conta-nos a estória de dois dias, dois passeios a subir um monte, cada dia com um homem diferente, um a 31 de Dezembro com o professor Song, o outro dois anos depois, a 1 de Janeiro, com Jin-goo. Utiliza uma montagem paralela das duas subidas, conta-nos o que sentiu com cada um, os gestos, os toques trocados, o que eles fizeram de diferente e de igual. Utilizou, diz ela no final do filme, actores o mais parecido possível com as pessoas reais que viveram a subida, “mas os limites dessa semelhança podem reduzir o efeito da montagem das duas experiências vividas”. <br />Ou, não será que a desestruturação temporal, a fragmentação de pontos de vista que utiliza nos seus filmes, não é mais de que uma forma que o realizador encontrou para tentar chegar ao âmago da verdade que as imagens, ou seja o Cinema, contêm para além daquilo que contam? Uma verdade para além da narrativa e para além dos seus personagens? <br />Num Cinema em que a vida, os filmes, os filmes nos filmes, e a vida nos filmes, se confundem; um Cinema que gosta de filmar a insignificância do dia-a-dia, encontros na rua, conversas de café, muitas bebedeiras, discussões por tudo e por nada; vemos um dos mais espantosos estudos sobre aquilo que nos define como seres racionais, a banalidade mas também o nosso lado mais sombrio. <br />Um Cinema que parece não contar nada, quando conta quase tudo. “O filme de Oki” é uma filme absolutamente inteligente, e um dos melhores filmes de Hong. <br />(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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