Dogman

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Drama, Thriller 103 min 2018 27/12/2018 ITA, FRA

Título Original

Sinopse

Marcello vive em Magliana, às portas de Roma, uma zona degradada. É lá que gere o seu próprio negócio como tratador de cães. Separado da mulher, é adorado por todos os que o rodeiam, como os amigos com quem joga futebol ou a sua filha. Mas os cães não são o seu único negócio: para pagar férias caras à filha, Marcello também trafica cocaína. Isso põe-no em contacto com criminosos abusivos como Simone, um "bully".

Matteo Garrone, o homem que adaptou "Gomorra", de Roberto Saviano, ao cinema em 2008, regressa ao submundo do crime num filme que valeu a Marcello Fonte, o actor que faz de Marcello, o prémio de Melhor Actor na edição de 2018 do Festival de Cannes. PÚBLICO

Críticas dos leitores

De basta a besta

Nuno

Quando uma pessoa diz BASTA e se torna numa BESTA. Não defendendo posições de bem ou mal, o filme explica muito bem que Marcello (ou qualquer um de nós) não faz coisas más, motivado pelo mal, mas sim pelo instinto. Entre muita coisa boa que o filme nos mostra, ficou-me a prova de que cada ação tem uma reação.
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Filme da pesada

Loco Gato

O trailer não diz nada, já é sabido. Um filme da pesada, com pinceladas de humanidade e um sentido de equilíbrio notável. A coragem e a dedicação deste homem (tenho dificuldades em dizer personagem) são um exemplo tocante. Vale a pena.
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Ser homem

Pedro Brás Marques

Quando é que um homem realmente agarra o leme na viagem da sua vida? A partir de que momento é que passa a ser ele próprio e não apenas aquilo que os outros o vão permitindo ser? <br />Marcello é um tratador de cães num subúrbio pobre de Roma. Tem uma grande paixão pelos canídeos, tratando-os com carinho e ternura. Uma dedicação literalmente canina... Separado da mulher, nutre igualmente um enorme amor pela sua filha, com quem planeia viagens e aventuras. Mas Marcello é um pobre diabo. Fisicamente frágil, olhado pelos outros com condescendência, vai tentando agradar e ganhar a amizade dos demais através de favores e esquemas, incluindo o fornecimento de pequenas doses de cocaína, em especial àquele que considera o seu grande amigo, Simoncino, mas que também é o seu Nemesis. Este ex-boxeur, um brutamontes sem valores ou princípios, é o oposto do delicado e solícito Marcello, abusando do “Dogman”, oprimindo-o fisicamente, desprezando-o e humilhando-o. Mas Marcello tem uma dependência psicológica por ele e chega a cumprir um ano de cadeia por ter sido incapaz de denunciar Simoncino por um crime que este cometeu. Mas, no final do cumprimento da pena, Marcello já não é o mesmo. O tempo atrás das grades, somado ao facto de, uma vez cá fora, se ter tornado pária para toda a comunidade, tudo isto o faz rever a sua relação com os que o rodeiam, em especial com Simoncino. E o esquelético Dogman inicia uma nova atitude perante a vida em que, mais do que uma vingança, vai encontrar-se consigo próprio, de consciencializar o seu valor e finalmente fazer a paz com a sua dignidade ferida. <br />Depois do fabuloso “Gomorra”, tendo como cenário a Camorra napolitana, Matteo Garrone volta ao mundo do crime, com aquele discutível intervalo para o fausto e o fantástico de “O Conto dos Contos”. “Dogman” é passado nos bairros sujos da grande cidade em que a pequena criminalidade impera, onde emergem e proliferam as claques de futebol, os ginásios de cabeças-rapadas e os bares manhosos. A decadência está por todo o lado, como nos recordam as poças de água suja, em frente ao seu estabelecimento, que nem a força do Sol consegue fazer evaporar porque até o astro-rei parece ter dificuldade em ali fazer vingar a sua luz. É com estas cores frias que Garrone constrói o cenário taciturno onde Marcello vive, mas o que realmente fascina o realizador é o rosto de Marcello, mostrado em incontáveis grandes planos até ao mais longo e final, de dois a três minutos, onde apenas vemos o rosto de Marcello e as suas subtis, mas profundas, mudanças de alma. Garrone fixa-se no Dogman e a estratégia funciona muito porque teve em Marcello Fonte um actor extraordinário, capaz de transmitir os sentimentos da personagem sem precisar de abrir a boca. Não foi à toa que Cannes o consagrou com o prémio de melhor actor. <br />“Dogman” podia ser mais uma história passada num cenário neo-realista italiano, com as habituais mensagens políticas – aliás, há quem veja política na relação Marcello-Simoncino, entre opressor e oprimido. Mas a verdade é que, no fundo, é o extraordinário relato da assunção de um homem enquanto tal.
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A inversão da fragilidade

Raul Gomes

Assumida, dependente, emocional e fisicamente, torna-se no decorrer da sua vivência, numa feroz auto-destruição, que o impele numa sede de vingança, e ao mesmo tempo, de demonstração/querer, mostrar à sociedade,que não é o cobarde de que as pessoas lhe apontam, ao mesmo tempo que o desprezam, por não ter tido coragem de indiciar o amigo pelo assalto que fez. Perdeu por isso toda a estima que a sociedade tinha por ele, por ter deixado escapar uma oportunidade de se desfazer duma personagem nociva, que aterroriza todo o bairro, mas ninguém faz nada para o alterar, esperando que ele tivesse feito o que os outros não tiveram coragem para o fazer. A ambiguidade da relação/submissão, provoca nele um amor/ódio, que degenera num apocalíptico final. Mas no fundo é um bom homem/pai, que tudo faz (algumas vezes mal) para proporcionar à filha a vida que eles sonham em viver juntos, e a sua integração muito desejada na comunidade que o despreza/esquece. Interpretação notável de Marcello Fonte, num filme que nos deixa sempre uma sensação de esperança/angústia/medo pelo que lhe poderá acontecer.
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Síndrome de Estocolmo

Paulo B.

Há uma série de paradoxos, resultantes da relação assimétrica entre as principais personagens, que questionam e intrigam o espetador sobre os limites humanos, pouco claros, entre a opressão e o medo, por um lado, a lealdade e a afeição, por outro – uma espécie de síndrome de Estocolmo que se vai desenrolando em grande parte do filme. As fronteiras do comportamento e da mente humana são muito esbatidas, os criminosos nem sempre são o que parecem. São vários os dilemas que deixam o espetador perplexo e indeciso quando confrontado com a atuação de Marcello, o tratador de cães. Por estas razões de ordem psicológica e humana, considero um filme interessante e perturbador. Apesar de tudo e de tudo ser possível na natureza humana, certas cenas parecem-me algo inverosímeis, fazendo com que o filme perca alguma força. É interessante o contraponto, sempre presente, entre o homem - animal racional - e os cães – animais irracionais e personagens secundárias - levantando outra questão para reflexão: qual das espécies é a mais “animalesca”?
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3 estrelas

José Miguel Costa

Após ter no curriculum três filmes de excepção, dois deles realistas e carregados de sátira social ("Gomorra" - que explora os meandros da máfia italiana - e "Reality" - sobre a alienação provocada pela tv -, respectivamente de 2008 e 2012) e um outro (de 2015) nos antípodas destes (“Conto dos Contos” – cuja acção decorre no mundo de fantasia das histórias de encantar do “era uma vez”), eis que o italiano Matteo Garrone regressa com uma obra menor (apesar de toda a aclamação que existe em seu torno), “Godman”, que tenta misturar estes dois géneros cinematográficos (com personagens de desencantar num terrível e decadente subúrbio romano hiper-realista). <br /> <br />É incontestável a mestria de Garrone na construção da tensão (gradativa e detalhadamente) e na condução dos actores (de entre os quais se destaca o magnifico Marcello Fonte, cuja prestação lhe valeu o prémio de melhor actor em Cannes), tal como também é exímio na criação do ambiente urbano bruto, nu e cru (fazendo-se valer para o efeito de uma vistosa fotografia que usa e abusa de um “cinzentão quase apocalíptico”). No entanto, a narrativa visceral, e simultaneamente poética, desta espécie de western contemporâneo (que pode ser percepcionado como uma metáfora sobre o poder em Itália), acaba por revelar-se algo escassa/linear. Destituída de grandes desenvolvimentos dramáticos e/ou “imprevisibilidades”, centra-se quase exclusivamente na relação das suas duas (contrastantes) personagens centrais. Um passivo e inofensivo (mas não “inocente”, que tenta agradar tanto aos maus como aos vilões) tratador de cães versus o “feio, porco e mau” ex-pugilista psicótico e cocainómano (que passa a vida a abusar de si, tal como a aterrorizar a restante comunidade). <br /> <br />Moral da história? E há-se chegar o dia em que o raquítico "vira-latas" dará o latido de ipiranga contra o "pitbull" ...
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