Boi Neon

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Drama 101 min 2015 M/12 06/10/2016 ESP, Uruguai, BRA, HOL

Título Original

Boi Neon

Sinopse

Desde muito jovem que Iremar trabalha nas vaquejadas, rodeios tradicionais do Nordeste brasileiro em que dois vaqueiros têm de emparelhar um touro até uma faixa de cal riscada no chão onde o terão de derrubar. A sua vida é na estrada, percorrendo milhares de quilómetros de camião na companhia de Zé, o seu parceiro de arena, de Galega, uma matriarca forte e determinada, e de Cacá, a filha desta. Apesar de se sentir bem neste meio, o grande sonho de Iremar é fazer carreira como estilista no Pólo de Confecções do Agreste. Com isso em mente, ele recolhe inspiração por todas as localidades por onde passa, em revistas, tecidos ou manequins velhos.
Com argumento e realização de Gabriel Mascaro ("Ventos de Agosto"), "Boi Neon" conta com a participação dos actores Juliano Cazarré, Maeve Jinkings, Vinicius de Oliveira, Samya De Lavor, Alyne Santana e Josinaldo Alves. PÚBLICO
 

Críticas Ípsilon

Os homens e a lascívia

Luís Miguel Oliveira

Estamos no circuito das “vaquejadas”, o equivalente Nordestino dos “rodeos” americanos, estamos entre bois e manequins, estamos entre o real e o feérico – o sexo é o elemento que faz a ligação neste filme de estranho poder, Boi Néon.

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Críticas dos leitores

Boi neon

Fernando Oliveira

Há uma tenuidade notável entre as rotinas dos personagens, entre a sua racionalidade, e a bestialidade da actividade onde trabalham; este esbatimento confronta-se depois com a feeria kitsch das noites de festa. “Boi néon”, as duas palavras não definem uma associação, mas quase um conflito. As personagens trabalham nos bastidores das Vaquejadas – um boi é solto num recinto, dois cavaleiros “prendem-no” entre eles, e um deles tenta derrubar o touro segurando-o pelo rabo, “apoiando-se” na força do cavalo – são eles que conduzem os touros de terra em terra no Nordeste brasileiro, e os preparam antes de entrarem no recinto. Uma mulher conduz o camião, os homens viajam com os bois: sublinha-se esse conflito, eles vivem com e como os bois, e depois há os bailes onde o forró se mistura com música electrónica, as danças mais ou menos eróticas, os leilões de cavalos. <br />Galega é a mulher que conduz o camião, com ela viaja a filha Cacá; Iremar é um dos boieiros que sonha em ser estilista. Nos intervalos do trabalho costura roupa para Galega usar nos espectáculos eróticos, onde ela tapa a cara com uma enorme máscara de cavalo. Mas Gabriel Mascaro deixa os sonhos daquelas personagens sempre ao longe, deixa-os “tocar” neles mas puxa-os sempre para a sua realidade. Estão à margem da modernidade e da prosperidade que por vezes o realizador nos mostra. Mascaro fez documentários antes de filmar ficção, e esse olhar, de documentar, está sempre presente neste filme (aqueles movimentos de câmara que “seguem” a acção lateralmente). Mesmo na cena felliniana do filme: quando Iremar procura bocados de manequins no campo de lama coberto de papéis coloridos. <br />E depois há a sensualidade e a sexualidade que encharca todo o filme. Primeiro a sensualidade naquele momento muito bonito quando Iremar tira as medidas a Galega na cabine do camião; ou quando ela compra cuecas; ou quando Iremar desenha a roupa que quer costurar para Galega numa fotografia de uma mulher nua numa revista erótica de Zé, outro dos membros daquela “família” tão funcional e disfuncional como qualquer outra. E a sexualidade que é trazida por dois personagens que invadem aquela “família”: um boieiro que substitui Zé, e uma vendedora de perfumes, Geise, que também é segurança nocturna numa fábrica de roupa. Se a primeira quando o boeiro faz sexo oral a Galega é filmada de longe, a que acontece na visita nocturna que Iremar faz a Geise na fábrica é muito bela na sua quase total explicitude. O sonho de Iremar está ali, a cena está filmada de forma a que existe um odor a pudor na sua clareza, até porque Geise está no final da gravidez; na manhã seguinte Iremar está no curral dos bois, e muge e bufa para eles. Fim. <br />É um filme sobre corpos em “movimento”: homens e mulheres, mas também os cavalos e os bois. Realismo cinematográfico, é verdade, mas que parece suspenso por este movimento. <br />Um belo filme, tanto por aquilo que nos mostra, como pela estranheza que emana daquela história, daquela gente. <br />(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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4 estrelas

JOSÉ MIGUEL COSTA

Boi Neon é pura poesia no meio do esterco. E isto porque apesar do filme (um quase "road movie" documental, sem uma história propriamente dita), que tem por base os bastidores da vaquejadas do interior do nordeste brasileiro, apostar num registo aparentemente naturalista cru, apresenta muitos toques de realismo mágico (sobretudo, devido à inclusão de inumeros "separadores" non sense e surrealistas, de enorme beleza estética, entre as cenas) e uma sensibilidade tocante. <br />Refira-se ainda que, apesar do contexto em que decorre a acção (onde a sujidade e a pobreza imperam), o realizador consegue fazer pairar no ar, de um modo algo lirico, uma constante aura de erotismo e indefinição sexual (o que, em simultâneo, também contribui para descontruir uma série de estereótipos, afinal não é todos os dias que seguimos as rotinas de um vaqueiro machão que nas horas livres pega na sua máquina de costura para "inventar alta costura", ou de um outro cuja principal preocupação é cuidar dos seus longos cabelos, bem como da bela rapariga lider do grupo que exerce as funções de camionista e mecânica - e não, não trata de uma espécie de "brokeback mountain brasileiro"). <br /> <br />Boi Neon é, acima de tudo, um filme (hibrido) de "captação de momentos" povoado por um arrebatador Juliano Cazarré ... imperdível!
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