"Levante", primeira longa-metragem da brasileira Lillah Halla (galardoada com o prémio FIPRESCI no Festival de Cannes), é um drama impregnado de realismo social que "grita alto e bom som "pelo direito à liberdade de escolha por parte das mulheres num país, cada vez mais, refém do(s) fanatismo(s) religioso(s) e dos ditames de populistas forças politicas ultra-conservadoras.

A realizadora, socorrendo-se de uma (emotiva) narrativa simples e fluida, insere-nos no seio de uma inclusiva equipa de voleibol de um subúrbio de classe média baixa, na qual todas as jogadoras (interpretadas exclusivamente por actrizes amadoras) pertencem à comunidade LGBTQI+.

Todavia, acaba por focar-se apenas na vivência de uma delas (Sofia, de 17 anos) que, na véspera de um jogo decisivo para eventual usufruto de uma bolsa de estudo no estrangeiro, descobre estar grávida (fruto de contacto sexual esporádico com um desconhecido).

Sem qualquer intenção de prosseguir a gravidez (decisão complexa/arriscada numa nação que ainda criminaliza o aborto com pena de prisão) vê-se a braços com uma turba de fundamentalistas movimentos pró-vida que tentam por todos os meios (recorrendo, inclusivé, a actos violentos) condicionar a sua decisão de livrar-se do feto.

A obra crua (até na "imagem suja" que adopta) agiganta-se pelas performances electrizantes das combativas actrizes (potenciadas por uma montagem enérgica).