O Processo Goldman

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Histórico, Drama 115 min 2023 M/12 04/01/2024 FRA

Título Original

Sinopse

No início dos anos 1970, Pierre Goldman, activista e intelectual de esquerda francês, foi condenado a prisão perpétua pelo homicídio, durante um assalto, de dois farmacêuticos. Em 1976, foi outra vez a julgamento, por causa de inconsistências na forma como foi avaliado pela justiça da vez anterior. Acabaria por ser assassinado em 1979, um caso que ainda está em aberto (apesar de a hipótese mais provável apontar para o esquadrão da morte espanhol GAL).

Cédric Kahn ("O Tédio", "Roberto Succo", "Sinais Vermelhos", "Uma Vida Melhor") adapta, como realizador e co-argumentista, agora a história desses mediáticos julgamentos. Com Arieh Worthalter como Pierre Goldman, conta ainda com nomes como Arthur Harari, Nicolas Briançoi e Jerzy Radziwilowicz no elenco. PÚBLICO

Críticas dos leitores

3 estrelas

José Miguel Costa

Pierre Goldman (1944-1979), judeu de ascendência polaca, apesar de ter granjeado algum sucesso enquanto escritor, é ainda hoje reconhecido pelos franceses sobretudo pelo seu papel de militante radical activo da extrema-esquerda.

Condenado a pena de prisão perpétua por cometer quatro assaltos à mão-armada, dos quais resultaram duas mortes, jamais deixou de clamar veementemente a sua inocência em relação às acusações de homicídio, tendo, desse modo, conseguido que o Estado acedesse a repetir o julgamento em Novembro de 1975.

Este evento judicial, que à data se transformou num circo mediático (alimentando a polarização entre a esquerda intelectual e a direita conservadora), é recriado pelo realizador Cédric Kahn no filme "O Processo Goldman".

Tratando-se de um "mero" filme de tribunal que vive exclusivamente da Palavra, aliado ao facto da acção (exposta num registo de realismo austero) restringir-se a um único espaço físico (sala de audiências), facilmente poderia ter descambado num produto entediante. Todavia, pelo contrário, revela-se politicamente romântico ao servir como instrumento de reflexão sobre as tensões ideológicas e raciais que marcaram os anos 70 na Europa.

Este interesse contínuo por parte do espectador também é obtido, em grande parte, por via da excelente performance do actor que encarna o amargo, evasivo, provocador, intempestivo e hiperactivo Goldman (o belga Arieh Worthalter).

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Mise en scène é uma coisa bem francesa

Nazaré

Quase inteiramente filmado dentro do que seria a sala de audiências do tribunal, poderia dizer-se uma dramatização teatral em 1 quadro. Mas a arte cinematográfica permite que o espectador possa ver os mais ínfimos detalhes de cada personagem, onde é menos necessário projectar a voz e é fundamental projectar as expressões faciais do que cada personagem está a passar.

Os textos são magníficos, não me espantaria que o que é dito nas cenas das audiências quase seja uma transcrição das transcrições do processo original, mas o que o cinema nos traz é o ritmo, a diversidade de planos (impecavelmente escolhidos), a presença dos actores. Uma experiência notável. O desfile de personagens, desde logo a do arguido e toda e cada uma das testemunhas, é um impressionante desvendar de personalidades, histórias pessoais, motivações. Sai-se da sala impregnado da sua lembrança, sentindo-se a luta que qualquer juiz deve enfrentar para, precisamente, tentar esquecê-los. E é claro, há o relembrar dos traumas históricos, à época ainda marcados pelos acontecimentos da II Guerra Mundial. Era um lastro incontornável à época e, infelizmente, reemerge transmutado nos tempos que correm.

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