Loveless - Sem Amor

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Drama 127 min 2017 M/14 01/02/2018 BEL, Afeganistão, FRA, ALE, RUS

Título Original

Loveless

Sinopse

Depois de mais de uma década de vida em comum, Boris e Zhenya (Alexey Rozin e Maryana Spivak) atravessam um doloroso processo de divórcio. A prendê-los está apenas a mágoa, a raiva mútua e Alyosha (Matvey Novikov), o filho de 12 anos, que nunca foi desejado ou verdadeiramente amado por nenhum deles. Boris e Zhenya estão ansiosos por abandonar o casamento e recomeçar a sua vida: ele com a nova namorada; ela com seu parceiro rico. Nenhum parece importar-se com a tutela de Alyosha. Até que, um dia, o rapaz desaparece sem deixar rasto…
Nomeado para o Óscar de Melhor Filme, uma história dramática que, tal como o nome indica, fala sobre o vazio de afectos. A realização cabe ao multipremiado cineasta russo Andrey Zvyagintsev, responsável por "O Regresso" (2003), que lhe valeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza; "Elena" (2011), Prémio Especial do Júri no Festival de Cinema de Cannes; ou "Leviatã" (2014), que ganhou o Prémio de Melhor Argumento em Cannes, venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e foi nomeado para um Óscar na mesma categoria. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Será que os russos amam os seus filhos?

Luís Miguel Oliveira

As personagens de Loveless são pretextos para, como um “radar”, captar um zeitgeist, o da Rússia em pleno reinado de Putin.

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Críticas dos leitores

3 estrelas

JOSÉ MIGUEL COSTA

Andrey Zvyagintsev, que já nos presenteou com magníficas obras como "O Retorno" (2003), "Elena" (2011) e "Leviatã (uma obra-prima do ano 2014), é um dos mais interessantes realizadores russos da actualidade, pelo que cada novo trabalho com a sua assinatura gera inevitavelmente expectativa no mundo cinéfilo ocidental (e temor no poder instalado do seu país, dado o seu hábito de expor os vícios do "sistema" dominante). No entanto, o mais recente "Loveless", embora também siga uma linha crítica (demonstrando, uma vez mais, a falência das instituições estatais e a amoralidade generalizada do seu povo), acaba por revelar-se mais inócuo e menos "incisivo". Talvez por a história relatada, apesar de poder ser percepcionada como uma metáfora à Rússia dos valores corrompidos por uma nova realidade económica e social, manifestar-se algo linear, desprovida de desenvolvimentos significativos (ficando a "patinar" de forma contínua, quase até à exaustão, em torno de um mesmo conteúdo) e sem capacidade de surpreender (inclusive, a partir de determinado momento, a narrativa torna-se previsível - o que não impede, felizmente, de culminar num final memorável). Apesar disso, este triller existencialista realisticamente cruel (dotado de uma certa lógica característica da cinematografia de índole policial - aspecto que o "banaliza" e lhe retira "força") sobre um casal urbano de classe média em processo de divórcio, que se vê obrigado a unir esforços com o objectivo de tentar encontrar o filho foragido de casa após assistir a mais uma discussão doméstica (filmado de modo cru e num registo necessariamente amargo e austero/sombrio), não deixa de dar-nos um "murro no estômago" e de infligir-nos angústia. <p> De facto, é impossível ficar indiferente perante tamanho vácuo relacional. Todavia, tal impacto deve-se sobretudo à sua assombrosa narrativa visual que enfatiza o desamor existente entre os personagens (envolvendo-nos numa atmosfera melancólica, pincelada a tons frios, escuros e cinzas - enquadrada através de sublimes planos fixos), bem como às "representações zombies" da dupla de protagonistas (que parecem desconectados de quaisquer emoções). </p>
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Filmado em Esperanto

Carla de Menezes

Embora usando a língua Russa, este filme pode dizer-se que nos dialoga em Esperanto, uma linguagem comum ao mundo... é o mesmo que dizer que a acção e as inferências emocionais dela decorrente podem passar-se em qualquer latitude, usando qualquer etnia, usando som ou sendo muda, com protagonistas imberbes ou de idade, com casal de qualquer orientação de género. Enfim, um retrato cru e notável na naturalidade (quase se pensa que as câmaras estão decerto escondidas pela forma aparentemente não ensaiada como se tiram as meias dos pés, se sai da cama sem tapar o sexo ou se grita explosivamente...) das relações desafectuosas que criamos sem nos apercebermos, num eterno circulo temporal que se perpetua nas gerações das famílias. O efeito e causa do desamor e de um incómodo egoísmo de pessoas que se unem por acasos e têm filhos porque sim, não lhes proporcionando mais que afectos em escombros e caves escuras de rotinas (brilhante a procura de tentar salvar a criança num labirinto de casas abandonadas e florestas assustadoras, indo buscar referência às histórias infantis russas de onde surgiram todas as que conhecemos hoje) e que mesmo depois da morte não permite qualquer salvação. No fundo uma história de Hansel e Gretel em momento contemporâneo e geografia urbana e rica materialmente. A solidão violenta de não se saber como somos. Muito bom.
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Desafectos deprimentes

Raul Gomes

Chocado é o mínimo que se pode dizer em relação a tamanho desencantamento e ineficácia sobre a sociedade russa, e deprimente as atitudes desleixadas sobre a vida humana. As suas vidas sem sentido, oportunistas e egoístas extravasam o sentido maternal/paterno, esvaziando-o friamente sem alma nem piedade. Dificilmente se poderá imaginar tal situação numa sociedade que se quer digna, fraterna e humana, tudo o que esta família despreza. É um filme incómodo, violento, que nos revolta as entranhas. É imoral este filme, pelo que ele representa dos valores morais que lhe estão associados. Mal vai a humanidade perante tais valores, sendo que o único raio de luz e e afecto, advém da equipa civil que se demarca da incapacidade do estado e se substitui a ele com esforço e tenacidade.
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