Pecadores

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Terror 137 min 2025 M/16 17/04/2025 GB

Título Original

Sul dos EUA, década de 1930. Os gémeos Elijah e Stack Smoke regressam à terra onde nasceram, em busca da paz que tanto ambicionam. O que encontram é um lugar assolado por criaturas malignas, capazes de transformar em monstros todos aqueles com quem, por azar, se cruzam.


Este “thriller” sobrenatural conta com uma dupla interpretação de Michael B. Jordan, protagonista de outras obras de Ryan Coogler, como “Fruitvale Station” (2013), “Creed” (2015), “Black Panther” (2018) ou “Black Panther: Wakanda Forever” (2022). O elenco conta ainda com Hailee Steinfeld, Miles Caton, Jack O'Connell, Wunmi Mosaku, Jayme Lawson, Omar Benson Miller, Li Jun Li e Delroy Lindo, que dão vida às personagens secundárias. PÚBLICO

 

Críticas Ípsilon

Pecadores tem gangsters, bluesmen e vampiros racistas

Luís Miguel Oliveira

Tem isso tudo, mas Ryan Coogler dá-nos um filme semifalhado.

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Críticas dos leitores

Pecadores

Fernando Oliveira

Estão as melodias e harmonias assombradas e endiabradas do blues “possuídas” pelo Diabo? O tempo é o Mississipi nos anos 30; meio século após a Guerra Civil a segregação entre brancos e os negros e asiáticos continua a ser brutal.

Nos subúrbios habitados por descendentes de escravos, a dor das memórias do passado e do presente em quase nada diferente é intensa. O Klux Klux Klan ensombra todos. É aí que regressam os gémeos Smoke e Stack; chegam de Chicago, combateram na Guerra, foram gangsters para Al Capone, são homens habitados pela violência, regressam com uma mala cheia de dinheiro de origem duvidosa; compram um barracão e num dia querem transformá-lo num clube onde se bebe, dança e se ouve blues.

Esta parte inicial é intensamente realista, este realismo a definir a narrativa – o fundamentalismo religioso confrontando o demonismo do blues e das tradições, o trabalho duro das plantações de algodão e os pequenos negócios que vão surgindo, o medo como forma de vida, os “sinais” dissimulados (o chão lavado do barracão que os gémeos compram a um membro do KKK, o sítio serve como matadouro de negros).

Tudo isto nos vai sendo apresentado enquanto os irmãos (e Michael B. Jordan é notável a representar as pequenas e grandes diferenças que definem os gémeos) vão preparando a noite e lidando com o seu passado e as mulheres que abandonaram. Ryan Coogler deixa que o espaço e o tempo tomem conta da história. As convulsões dramáticas e as ambiências sociais e físicas daqueles tempos enleiam-se na crueza do realismo mostrado.

E depois tudo muda, é a noite da festa, a sensualidade dos blues, a feeria e a liberdade narrativa (aquela espantosa orgia sonora e visual em que o passado e o presente se misturam pela música). E depois volta a mudar: o fantástico toma conta do filme. “Ler” o tempo, “denunciar” a História sempre foi condição de algum Cinema fantástico (a FC nos anos 50, os filmes de Romero, Carpenter ou Dante, ou, nestes tempos, de Jordan Peele), mas neste filme é deveras intrigante esta escolha.

Tenderemos a espelhar o KKK nos vampiros que naquela noite atacam o bar; mas se o contraponto entre os ritmos do blues tocado no bar e as canções folclóricas britânicas que os vampiros cantam durante o cerco podem induzir a essa ideia, é também verdade que os vampiros defendem a sua condição como uma forma de libertação da opressão dos outros, é também verdade que o bando inicialmente de três brancos foi aumentado com os clientes negros que abandonaram o bar.

E que os membros do KKK foram massacrados na manhã seguinte quando se preparavam eles para o massacre. Esta “confusão” torna o filme bastante intrigante, o blues e o folk britânico (o Diabo “à solta”, e as lendas e o misticismo), a música dos escravos e a música trazida pelos primeiros colonos, e também nisso está o seu interesse. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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