No fim de ver um filme nunca pensei "Este filme merece o subsídio quer teve" nem o oposto. Pensei "É um bom filme" ou o oposto. A verdade é que "Nós" é um bom filme. Na minha humilde opinião deixa os manoéis e os césares montados a milhas, cujos filmes me fazem adormecer passados dois minutos. Se o senhor Hugo Dan tem tantas ideias boas, estou certo de que será um bom cineasta e fará coisas melhores que "Nós"... Mas porquê rejeitar o que já existe só porque nós ainda não lá chegámos? Não devemos analisar as coisas parcialmente por causa de serem portuguesas, nem devido aos subsídios. Mas sim por terem ou não qualidade.

É para isto que o ICAM atribui subsídios? O cinema é uma arte, mas é uma arte para ser vista pelo público, caso contrário não tem razão de existir. Um filme subsidiado publicamente, feito apenas para os amigos da realizadora, ou para o ego do Paulo Branco, (OK, também para os pseudo-intelectualóides que apenas vão ao King), para mim é um crime. Ainda por cima é um mau filme. Personagens sem densidade real, planos cheios de artificialismos visuais e "clichéticos", inúmeros erros de continuidade, and so on, and so on... Para fazer secas destas (que de culturais têm muito pouco, a mim não me fez refletir sobre nada) recorram a dinheiros privados. O ICAM tem mas é que subsidiar o pessoal que sai das escolas de cinema (dos quais, confesso, faço parte) cheios de ideias novas e frescas para revitalizar (criar?) um bom cinema português.

Não sou especialista em cinema, mas eu diria que é um filme tecnicamente imperfeito, mas com bastante conteúdo. Perfeição técnica tem o último filme de Lars Von Trier, "Dogville". Isso sim, é perfeição ténica, pelo menos do meu ponto de vista.Mas "Nós" está repleto de conteúdo. Desde a repressão dos instintos humanos mais básicos à falta de individualismo na sociedade contemporânea, passando pela necessidade que cada um de nós tem de encontrar alguém, de arriscar (sublinhado) encontrar alguém. Uma nota para a interpretação brilhante de Alexandra Freudenthal. Este filme é, se não perfeito, pelo menos bastante bom, e os meus parabéns à realizadora Cláudia Tomaz. O cinema português está de parabéns.

É um filme tecnicamente muito bom, mas com falta de conteúdo.