O Garoto de Charlot

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Drama, Comédia 68 min 1921 M/6 09/12/2021 EUA

Título Original

The Kid

Sinopse

Ao sair do hospital com o seu recém-nascido nos braços, uma jovem muito pobre (Edna Purviance) decide deixá-lo dentro de uma limusina estacionada em frente a uma igreja. Esperançosa de que alguém o aceite, deixa uma nota e foge, com intenção de cometer suicídio. Porém, a viatura é roubada por dois homens e, depois de uma série de peripécias, um vagabundo de bom coração (Charlie Chaplin como Charlot, a sua personagem predilecta) não vê outra solução que não seja levar o bebé para casa e cuidar dele.

Cinco anos depois, a criança (Jackie Coogan) e o seu pai adoptivo são inseparáveis, e o pequeno é uma ajuda preciosa no trabalho de reparação de vidros "acidentalmente" partidos. A mulher, por seu turno, que afinal sobreviveu à tentativa de pôr fim à própria vida, é hoje uma famosa cantora de ópera. A sua felicidade seria total se não vivesse o desgosto de ter abandonado o filho. Tudo o que ela deseja é reencontrar a criança. Um dia, por mero acaso do destino, os três cruzam-se na rua…

Realizada por Charlie Chaplin – que se inspira na miséria da sua própria infância –, esta comédia dramática permanece uma das mais importantes referências cinematográficas de todos os tempos. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

O génio de Chaplin

Luís Miguel Oliveira

O superlativo génio de Chaplin chega para o Natal, com O Garoto de Charlot e A Quimera do Ouro, mas devia ser coisa para todo o ano.

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Críticas dos leitores

O garoto de Charlot

Fernando Oliveira

Charlot, personagem que não ocupa toda a “ideia” chaplinesca mas que para sempre confunde um e outro, humanizou o Cinema. Partindo das comédias da Keystone, contratado por Mack Sennett, em que as personagens serviam apenas como figurantes numa diegese de uma permanente destruição e reconstrução, Charlie Chaplin criou um personagem que representando o homem anónimo procura, deseja, num caminho “trágico” que leva a um final feliz, encerrar nela uma identidade. O delírio do burlesco como movimento narrativo em que o Vagabundo balança numa constante incerteza entre o desejo de ascensão social e a necessidade de fazer explodir as regras desse estatuto. A ternura e a crueldade no Cinema de Chaplin estão lado a lado de mãos dadas.
É nesta primeira longa-metragem de Chaplin, “O garoto de Charlot” de 1921, que esta humanização, o “sentimentalismo” chapliniano, se torna pleno. Entre risos e lágrimas, a relação entre Chaplin e o bebé abandonado que leva para casa, cria, e depois torna cúmplice; o confronto com as autoridades que tiram a criança a Charlot, o “regresso” da mãe da criança; avança numa sucessão delirante de momentos que vão da tragédia, da memória cruel da sua infância miserável em Londres, ao riso misturado com uma angústia que nos “roi” por dentro, até ao onirismo malicioso do final.
Na altura, e depois do sucesso de “O nascimento de uma nação” de Griffith em 1915, a longa-metragem já era o formato comum, mas para as comédias o formato curto ainda era quase exclusivo. Mas a enorme empatia com Jackie Coogan, o miúdo que contracenava com ele, e a intensidade da história que tinha escrito fez com Chaplin se apercebesse que precisava de uma duração maior para a contar. É, claro, uma filme absolutamente genial e impôs até hoje, mais de cem anos depois, uma das imagens mais lembradas do Cinema: Charlot e o miúdo, o garoto que parte os vidros à pedrada, e o vidraceiro que depois se apresenta para os substituir.
Filmado com um rigor maníaco por Chaplin, a filme não se deixa conter por esse formalismo, as emoções que emanam dele tomam conta de nós. Em Chaplin o rigor é apenas o alicerce das emoções. Não sei se é o melhor filme de Chaplin (quem sabe, entre tantos filmes maravilhoso?), mas é um daqueles filmes a que temos de voltar com muita frequência, para percebermos o que verdadeiramente é ser cinéfilo: amar os filmes, estarmos à sua beira.
Belíssimo.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")

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