Amanhã (um documentário de esperança)
Patrícia Mingacho
O cinema é para mim um processo de fuga, um horizonte onde o seu brilho contrasta com a monotonia monocromática do dia-a-dia. As histórias projectadas na tela são, muitas vezes, microcosmos de ampliações poéticas da realidade. Os documentários são, por outro lado, uma perspectiva das sociedades, uma visão do mundo muitas vezes carregada de crueldade, um passeio que nos questiona onde reside a esperança na humanidade. <br />Amanhã, o documentário que, finalmente, decidi ir ver contraria muito do que tenho visto neste género de filmes. Ontem, apesar de ter trocado o sol e o calor de uma tarde de Verão, por uma sala escura, saí da sala de cinema com um sorriso pleno. A crença que é possível um amanhã bem diferente da visão dos profetas da desgraça deambula naquela tela. As formas como as sociedades se podem organizar para alcançar um futuro onde aqueles que dela fazem parte saem a ganhar estão reflectidas em todos os capítulos daquele filme, onde vemos fragmentos de movimentos alternativos e mais solidários para com o planeta e os seres humanos. Kennedy tinha uma frase que dizia “Não perguntes ao teu país o que pode fazer por ti. Pergunta-te o que podes fazer pelo teu país.” Ao longo de quase duas horas de filme, percorrendo capítulos sobre a agricultura, energia, economia, política e educação vemos cidadãos empenhados em tornar um mundo um lugar diferente. Vemos cidadãos que quebraram barreiras, porque têm a esperança, a capacidade de pensar diferente. Vemos cidadãos para quem a ambição sucumbe facilmente face à cooperação. Num mundo em que os recursos escasseiam, urge pensar e agir de forma bem diferente e, naquela tela, feita de homens que concretizam utopias percebi, mais uma vez, que o homem foi feito não para destruir mas para preservar e criar. Por vezes, agarramo-nos em demasia ao copo meio vazio mas basta estarmos atentos para perceber que esta espécie é povoada de uma miríade de cores, onde as mais belas terão primazia.
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