O Menino Nicolau

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Comédia 91 min 2009 M/6 08/12/2011 FRA, BEL

Título Original

Sinopse

Aos oito anos, Nicolas (Maxime Godart) tem uma vida tranquila. Apesar dos pequenos problemas familiares e de algumas quezílias na escola, tudo lhe corre de feição. Até que, ao ouvir uma conversa entre os seus pais (Valérie Lemercier e Kad Merad), convence-se de que um irmão pode estar a caminho.

A notícia, que deveria ser motivo de contentamento, assusta-o de tal modo que só consegue imaginar as terríveis consequências que a chegada de um bebé terá na sua vida. Em pânico, e sugestionado pela história da Polegarzinho, Nicolas acaba por se convencer de que os pais o querem abandonar na floresta.

Realizada por Laurent Tirard, esta é a adaptação da célebre personagem criada na década de 1950 por René Goscinny (também criador de Asterix) e ilustrada por Sempé. PÚBLICO

Críticas dos leitores

Crítica a "Le Petit Nicolas" escrita na altura da sua exibição na Festa do Cinema Francês.

Ana Leorne

Uma matiné de sábado que fez lembrar o fascínio que as crianças nutriam pelo cinema nos anos 1960 - a sala do Passos Manuel esgotou muito antes da hora de fecho da bilheteira e crianças entusiasmadas agarravam a mão dos pais não menos entusiasmados e faziam fila enquanto apontavam um colega ao longe que conheciam da École Française.

E sim, o Menino Nicolau já tem mais de 50 anos, mas as suas travessuras continuam frescas e em forma como se Sempé e Goscinny as tivessem criado no início do século XXI, onde por vezes parece faltar o gosto da travessura aos mais novos. Laurent Tirard soube reunir o necessário para reconstruir o ambiente das escolas primárias parisienses dos anos 1950 sem se tornar demasiado impessoal para as crianças de hoje, que mesmo sem memória das fabulosas ilustrações de Sempé guardam aquele brilho especial nos olhos mesmo após a hora e meia de filme.

O genérico inicial é uma homenagem deliciosa aos desenhos originais, utilizando a animação em dècoupage para apresentar os créditos na sua totalidade, assemelhando-se a um álbum de recortes de infância. Com o próprio Nicolas como narrador, a história arranca numa aula em que a professora pede uma redacção sobre o que querem fazer quando forem crescidos, factor que muito perturba Nicolas por ainda não ter a certeza do que quererá ser - nem sequer pensou exactamente no que seria isso de «crescer». O tema serve para Nicolas apresentar brevemente os seus colegas de turma e os pais, numa suavidade pacífico-burguesa tão tipicamente classe média de uma Paris que parece ter ultrapassado grande parte das memórias da IIª Guerra e parte agora em busca da tranquilidade familiar.

Porém, o dia-a-dia de Nicolas é perturbado pelo nascimento do irmão mais novo do seu amigo Joachim, e com a ausência posterior deste - e muita fantasia - as crianças deduzem que os pais de Joachim o abandonaram na floresta, em semelhança ao que acontece na história do Pequeno Polegar. Quando Nicolas se apercebe de uma mudança no comportamento dos pais (cujo motivo se prende com um jantar com M. Moucheboume, patrão do pai de Nicolas), teme que esteja também para breve a chegada de um irmão, e que vá ser abandonado tal como pensa que sucedeu a Joachim.

As peripécias de Nicolas são coloridas por um cenário e adereços cuidados, que muito fazem lembrar as ilustrações de Marcel Marlier para livros de crianças: pormenorizadas, encantadas e perfeitas. A prestação de Maxime Godart como Nicolas lembra uma espécie de Dennis The Menace deste lado do oceano, juntando a travessura ao carinho de quem ensaia crescer. A doçura do filme entranha-se em nós, que só desejamos sair do escuro da sala, correr até à pâtisserie mais próxima e pedir um bolo com creme enquanto piscamos os olhos ao sol que bate na calçada, e nos lembramos dos sonhos encantados que tínhamos na infância.

[publicado em rascunho.net a 24/10/2010]

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Crítica a "Le Petit Nicolas" escrita na altura da sua exibição na Festa do Cinema Francês.

Ana Leorne

<p>Uma matiné de sábado que fez lembrar o fascínio que as crianças nutriam pelo cinema nos anos 1960 - a sala do Passos Manuel esgotou muito antes da hora de fecho da bilheteira e crianças entusiasmadas agarravam a mão dos pais não menos entusiasmados e faziam fila enquanto apontavam um colega ao longe que conheciam da École Française.<br /><br />E sim, o Menino Nicolau já tem mais de 50 anos, mas as suas travessuras continuam frescas e em forma como se Sempé e Goscinny as tivessem criado no início do século XXI, onde por vezes parece faltar o gosto da travessura aos mais novos. Laurent Tirard soube reunir o necessário para reconstruir o ambiente das escolas primárias parisienses dos anos 1950 sem se tornar demasiado impessoal para as crianças de hoje, que mesmo sem memória das fabulosas ilustrações de Sempé guardam aquele brilho especial nos olhos mesmo após a hora e meia de filme.<br /><br />O genérico inicial é uma homenagem deliciosa aos desenhos originais, utilizando a animação em dècoupage para apresentar os créditos na sua totalidade, assemelhando-se a um álbum de recortes de infância. Com o próprio Nicolas como narrador, a história arranca numa aula em que a professora pede uma redacção sobre o que querem fazer quando forem crescidos, factor que muito perturba Nicolas por ainda não ter a certeza do que quererá ser - nem sequer pensou exactamente no que seria isso de «crescer». O tema serve para Nicolas apresentar brevemente os seus colegas de turma e os pais, numa suavidade pacífico-burguesa tão tipicamente classe média de uma Paris que parece ter ultrapassado grande parte das memórias da IIª Guerra e parte agora em busca da tranquilidade familiar.<br /><br />Porém, o dia-a-dia de Nicolas é perturbado pelo nascimento do irmão mais novo do seu amigo Joachim, e com a ausência posterior deste - e muita fantasia - as crianças deduzem que os pais de Joachim o abandonaram na floresta, em semelhança ao que acontece na história do Pequeno Polegar. Quando Nicolas se apercebe de uma mudança no comportamento dos pais (cujo motivo se prende com um jantar com M. Moucheboume, patrão do pai de Nicolas), teme que esteja também para breve a chegada de um irmão, e que vá ser abandonado tal como pensa que sucedeu a Joachim.<br /><br />As peripécias de Nicolas são coloridas por um cenário e adereços cuidados, que muito fazem lembrar as ilustrações de Marcel Marlier para livros de crianças: pormenorizadas, encantadas e perfeitas. A prestação de Maxime Godart como Nicolas lembra uma espécie de Dennis The Menace deste lado do oceano, juntando a travessura ao carinho de quem ensaia crescer. A doçura do filme entranha-se em nós, que só desejamos sair do escuro da sala, correr até à pâtisserie mais próxima e pedir um bolo com creme enquanto piscamos os olhos ao sol que bate na calçada, e nos lembramos dos sonhos encantados que tínhamos na infância.<br /><br />[publicado em rascunho.net a 24/10/2010]</p>
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