Estreado em 1969, O Amor Louco é um monumento na obra de Jacques Rivette (1928-2016), um monumento do cinema francês pós-nouvelle vague, um gesto de uma ambição, de uma amplitude e de um fôlego raramente repetidos.

Parte de um desejo absoluto, quase insano, de fundir no mesmo objecto a vida, ou o que vem dela (inclusivamente com origem autobiográfica), e o que vem das paixões artísticas ou culturais: e assim temos a história da encenação de uma peça de Racine (Andrómaca) com a vida pessoal dos elementos da trupe que a encena, sobretudo o par formado pelo encenador (Jean-Pierre Kalfon) e por uma actriz (Bulle Ogier) que não entra na peça, um par que se desfaz à medida que a encenação se faz. Luís Miguel Oliveira